O Discipulo e a Lição

O jovem discípulo andando pela floresta distraído com sua ingenuidade de um recém-chegado ao mosteiro budista ver meditando na margem de um pequeno lago em cima de uma pedra arredondada um velho monge que estava ali parado por horas apenas se concentrando em sua respiração. O jovem monge curioso com tudo aquilo chega perto do velho homem e o fica observando com mais cuidado e atenção até que o monge mais velho abre os olhos e o ver admirado.

O jovem que tinha o nome de Bochan, pergunta ao mestre monge que se chamava Chen Zau.

Por que ele estava meditando na beira daquele lago em um local inóspito longe de todos. E então o mestre responde:

------ Estou buscando a paz dentro de mim algo que não encontro do lado de fora no mundo exterior.

Bochan intrigado com a resposta de Chen Zau, pergunta se essa paz pode ser encontrada por qualquer um que a busque. O velho monge pensativo pausa um pouco a sua respiração tranquila e diz:

------- A verdadeira paz só é alcançada por aquele que tem um sentido na vida.

Quando o garoto escuta essa resposta fica inquieto, pois como ele ia saber o sentido da vida já que não conhecia nem a sua própria. Então pergunta:

-------- Me diga mestre por gentileza qual o sentido da vida?

E Chen Zau sem abrir os olhos responde:

-------- Entenda que vivemos eternos ciclos de Samsara nesse mundo terreno até atingirmos a nossa iluminação e nos juntarmos com a força criadora de tudo.

-------- A vida é dada pelo o sentido que damos tudo a nossa volta e que nos guiamos. Ela é a síntese dos sentimentos e conhecimentos que aprendemos ao longo de uma vida curta é uma forma de contribuir para algo maior e uma preparação para o que vem depois.

-------- A vida e a morte estão conectadas entre si e devemos aprender a lidar com as duas, pois nesse mundo ninguém pediu para nascer e da mesma forma suplicamos para não morrer. Nessa breve passagem que temos aqui, mesmo que nosso corpo físico não sobreviva, nós somos eternos.

-------- Como assim eterno mestre? Pergunta Bochan.

E o mestre sem responder nada apenas o convida para sentar ao seu lado e meditar junto com ele na beira daquele lago e diz que um dia ele irá encontrar a resposta dentro de si. Passados três meses desde aquele encontro o garoto volta ao lago para encontrar Chen Zau novamente, mas nada encontra por lá. Volta até o mosteiro, pergunta pelo o velho monge e descobre que ele havia morrido a menos de duas semanas atrás. Bochan segura as lágrimas, mas consternado não demonstra tristeza diante dos outros monges que ali estavam.

Depois de passados oito anos desde o falecimento do velho monge, Bochan mais velho e mais sábio volta para aquele mesmo lago e se lembra da sua primeira lição desde que se tornara um monge e agora mais maduro entende o porquê de sermos eternos mesmo sem um corpo físico. Chen Zau ensinou que mesmo que não vivamos eternamente nesse mundo a sua mensagem e o seu conhecimento irá sobreviver nos demais que aprenderam as suas lições. Então Bochan pega um lírio e coloca sobre a pedra onde o velho mestre costumava meditar e agradece por essa lição preciosa da vida.

Davi Freitas - 16/01/2024