A bela mulher e o olhar atrevido.
A bela mulher, exuberante espécime feminil, de atavios naturais de embasbacar todo macho da sua espécie e inspirar inveja e admiração às outras mulheres, trajada com vestes sumárias, uma camisa que dela deixava descobertos os braços, a barriga e metade das costas e um short azul que lhe respeitava as formas maravilhosamente esculpidas pelo Criador e não se preocupava em cobrir-lhe as coxas carnudas, andava, melhor, desfilava, pela calçada, à frente de uma lanchonete, e atraia olhares de todas as pessoas. Ia, altiva, nariz empinado, até que, de repente, deteve-se, e encarou um homem, que, de queixo caído, boquiaberto, a lamber os beiços, alumbrado, fitava-a, e disparou-lhe à queima-roupa:
- Por que me olhas?! Nunca viste mulher?! Para de me olhar!
- Só estou a olhar...
- Tu não tens a minha permissão para me olhar.
- Não estou te olhando.
- Tu me encaravas!
- Encarava-te eu?! Eu não olhava para a tua cara.
- Tu fitavas o meu corpo. Não te dei permissão para me olhar, para olhar para o meu corpo.
- Eu não olhava para o teu corpo.
- Não te dei permissão para me olhar.
- Eu não te olhava. Eu olhava para o teu shorts. É bonito. Onde o compraste? Vou comprar um igual para a minha namorada.