Para os ignorantes
Fui convidado para uma reunião de ignorantes. O convite chegou a mim por meio de uma carta anônima, que, em seu corpo, trazia uma lista de restrições ao acesso do encontro: “Proibido pessoas inteligentes, proibido discutir assuntos sérios, proibido filosofar, proibido refletir sobre qualquer coisa, proibido terno e gravata, proibido tomar champanhe, proibido fumar charutos, proibidas quaisquer regras de etiqueta, proibido falar mais de um idioma, proibido falar bem o próprio idioma, proibido utilizar expressões cultas, proibido arrogância de qualquer tipo, proibido chegar na hora marcada.”
A lista se mostrava bastante interessante. Eu estava lisonjeado. Finalmente, havia sido reconhecido pela seita dos ignorantes anônimos. Enfim, eu poderia exercer a minha incapacidade e inutilidade junto aos meus conterrâneos, libertando-me do julgo dos doutores. Que dia feliz para ser ignorante! Invejem-me os eruditos, filósofos, cientistas. Eu posso ser ignorante em paz.