buscar

Estamos sempre nos buscando no outro que parece ter uma solidez da qual nos falta. Contudo não tem, o outro se busca em outro e no final ninguém se encontra. Quando paro e fecho meus olhos, ouço meu silêncio e vazio, ali eu me encontro, sentada em um banco olhando os vaga-lumes brilharem, em uma das minhas mãos, um livro, em outra uma taça de vinho a transbordar. Olho então fixamente as minhas mãos tão ocupadas que não consigo virar as páginas do livro e já não encontro equilíbrio em segurar a taça em direção aos meus lábios sedentos por aquele líquido rubro da taça. Preciso fazer uma escolha rápida, colocar por alguns instantes o livro sobre o banco e me deliciar com o vinho, ou deixar a taça por alguns minutos, no mesmo banco e conseguir virar a página para saber o que acontece depois de agora. Num golpe de sorte deixo o livro alguns instantes e consigo beber o vinho, então me refaço, tomo novamente em minhas mãos, o livro, que agora tem outro gosto, o da espera que me aguçou mais por viver a minha história.