A visita da velha senhora
Depois de ter passado algum tempo viajando pelos países escandinavos e aprendido um bocado sobre o bom uso do dinheiro público, dona Parcimônia resolveu passar uma temporada na capital de Pindorama.
Pretendia observar como se comportavam as autoridades do lugar em relação ao mesmo assunto: o que era feito em benefício do povo com a arrecadação de impostos dos contribuintes.
Foi só tentar fazer reserva num hotel que ficou sabendo que não havia qualquer quarto disponível na rede hoteleira da cidade até 2050. Mas a coisa não ficou só nisso, não.
Bem informados que estavam, porque têm espiões encastelados em todos os lugares, os mais altos membros do Executivo, Judiciário e Legislativo do país trataram de impedir que a teimosa velhinha desembarcasse na capital e fosse acolhida por algum morador distraído da periferia, qualquer coisa assim.
Mandaram então seus asseclas fechar estradas, aeroportos e a rodoviária e declararam-na velha dama indigna, persona non grata, agitadora, cafetina, prostituta etc.
E até mesmo um ministro da suprema corte, conhecido por sua truculência verbal, ameaçou prendê-la caso ela o mencionasse como esbanjador de dinheiro público, por seus gastos pornográficos com viagens ao exterior para aprender novas palavras chulas.
Diante de tudo isso, desse descalabro praticado por aqueles que deveriam zelar pela saúde moral e financeira do país, dona Parcimônia desistiu de viajar para Pindorama, claro, e está pensando em visitar Brasília...