Pó da existência
Num tempo além do nosso, quando o pó das estrelas dançava com a promessa de vida, emergiu um ser singular. Era o Homem, feito do mesmo pó que constrói galáxias e dá forma a destinos. Em seu cerne, um museu de histórias antigas, um arquivo de doenças e um labirinto de impurezas. Ele caminhava pela efêmera estrada do tempo, onde cada passo deixava uma marca na poeira do universo.
Um dia, testemunhei sua criação. Vi quando a centelha divina tocou o pó cósmico e deu origem a essa criatura inquisitiva. Ele carregava consigo a fragilidade de uma estrela cadente, destinado a brilhar intensamente por um breve momento.
Esse ser, tão intrincadamente ligado ao pó, enfrentava o paradoxo de ser um contínuo nascer e morrer. Cada amanhecer trazia consigo a maravilha da existência, enquanto o anoitecer sussurrava a inevitabilidade do retorno ao pó.
E assim, na dança cósmica do efêmero, o Homem se tornou um poema ambulante, uma narrativa escrita nas estrelas. Sua jornada, marcada por altos e baixos, ecoava no vazio do universo, lembrando a todos que somos feitos do mesmo pó que esconde os mistérios mais profundos da criação.Em seus olhos, víamos reflexos das estrelas que testemunharam eras e das quais eles eram feitos. Eles buscavam significado nas partículas que formavam suas almas, transformando cada impureza em uma história a ser contada. Esses sábios, como guardiões do museu de suas vidas, reconheciam que a existência é uma dança delicada entre a luz e as sombras, entre o pó que se acumula e o que se dispersa. Encontraram beleza nas cicatrizes deixadas pelas doenças, como se cada marca fosse uma página virada, testemunhando a resistência do ser humano diante das adversidades.
Assim, enquanto o Homem seguia sua jornada, esses poucos sábios celebravam não apenas o surgir e desaparecer, mas a constante transformação que os unia ao cosmos. Em suas vidas, cada pólen de poeira era uma lembrança, uma prova viva de que, no fim, somos todos contos entrelaçados no vasto livro do universo.Ao findar de suas existências, não se tornavam estrelas cadentes, mas sim presas de buracos sombrios. Seu destino, diferente dos sábios, não era a dispersão harmônica no vasto universo, mas sim a absorção silenciosa por forças que punham um fim abrupto ao seu caminhar.
E assim, enquanto alguns se transformavam em constelações eternas, outros se perdiam nos abismos da indiferença, esquecendo que cada respirar deveria ser uma sinfonia, uma contribuição única para a grande narrativa cósmica. O contraste entre aqueles que abraçavam a evolução e os que sucumbiam ao esquecimento criava uma melodia complexa na tapeçaria do universo.