Herança de família
Luísa passando por situação financeira difícil resolveu tambem vender o Luis , herança deixada por sua avó e se queixou assim:
- meu Deus tanta dívida. Porque sai de são Paulo pra vir pra esse rio de Janeiro. O único legado que vovó deixou aqui foi esse gato, essa casa velha e esse mulambo. Como não compactuo com a servidão, vou libertar Alberto, vende essa casa pra pagar a dívida dessas promissórias e vender esse gato.
Assim, como advogada da família fez a carta de alforria de Alberto e disse:
- como última missão, vá a rua do ouvidor e venda esse gato, pra que eu possa te dar algum dinheiro, enquanto cá, fico tentando vender essa casa.
Obediente o servo foi e por vários dias tentou, concorrendo com as grandes casas de venda. No entanto, não obteve êxito e o gato, um mio aqui outro acolá acabou cativando Luísa, que já sentia falta do miado, quando o gatinho ia com Alberto pra essa tal rua.
Em dias sem conseguir nada Alberto disse:
- senhora há dias que vou a feira da rua do ouvidor, mas nada consigo. E não querendo falar, mas já falando em favor. O Luiz é tão amigo, porque vendê-lo?
Ela assentada na escrivaninha, sob a luz de velas naquela noite chuvosa pensativa, sobre os papéis, se virou e sentenciou:
- você tem razão. Ele cativou meu coração, quando vocês saem a casa fica vazia e dá um dó, de fazer isso com o bichano já acostumado com esses ambiente. E vovó gostava muito dele.
Acontece Alberto, que não tenho dinheiro pra te indenizar ou te ajudar. Conseguir vender a casa, mas mal vai dar pra pagar as promissórias.
Ele subserviente respondeu:
- é só eu ficar servindo a senhora.
Ela esboçou um sorriso e informou:
- Alberto você é livre. Não é mais criado ou escravo. O Brasil tem o costume de copiar outros países, de forma errada. Ninguém tem o direito sobre outros e tão pouco subjugar. Você é uma pessoa como eu, não é inferior. Você tem que estudar e ocupar seu lugar na sociedade como eu. Você agora é brasileiro e tem a sua responsabilidade social com tudo e com todos.
Ele respondeu:
- intendi, mas posso ficar trabalhando com você. Você me paga com casa, roupa e comida.
Ela refletiu e concluiu:
- vim de São Paulo pra cuidar das coisas da vovó, vendi essa casa, mas levo na conta a paixão por um gato e você meu amigo, com humildade e ar de liberdade.