Festa em Búzios
Eles fizeram o caminho de volta a festa, cruzaram todo o salão lotado com as pessoas eufóricas dançando. As luzes do salão piscavam de um jeito que causava tamanho desconforto, ao lançar sombras dançantes que dificultavam a visão da saída. Contudo, o pulso acelerado de Flávio, impulsionado pelo desejo, tornava seus sentidos aguçados, porém, de um modo um tanto estranho.
Ignorando as filas de acesso ao elevador que conduziam ao destino, ele propôs, com a esperança de que ela concordasse, que subissem pelas escadas para chegarem mais rapidamente. Débora exibiu um sorriso de antecipação ao ser conduzida pela mão escada acima em direção ao quarto, onde pretendiam desfrutar da noite juntos. A expressão de satisfação estampada em seu rosto só aumentava a excitação de Flávio, enquanto ele observava a mulher que o seguia. Em certo momento da ascensão, Débora percebeu o evidente volume na calça de Flávio e o agarrou, interrompendo o avanço pela escada. Com ambos agora parados no mesmo degrau, ela o pressionou contra a parede e iniciou um beijo intenso e no intervalo, Flávio voltou a si e olhou ao redor.
— Débora, tem câmeras aqui! — o sussurro gemido de Flávio tentando avisar, enquanto sentia a mão de Débora subindo sua coxa e acariciando e apertando seu pau.
— Eu sei! — Disse ela sorrindo no beijo. — Pensei que fosse gostar de me foder aqui mesmo… Saiba que sou eu quem dito as regras, ein
— Puta que pariu…
Flávio agarrou a mão dela e apressou o passo para chegar até o quarto andar. Depois que chegaram e trancaram a porta, Débora se lançou aos braços dele e o beijou com mais vontade, com mais sede. Ele a segurou pela nuca, apertando sua bunda que havia sido bastante valorizada com a escolha de sua roupa.
Seu vestido, que ao observá-lo pendurado em um cabide, não parecia nada de mais, mas quando em seu corpo, promovia uma sensualidade elegante, nada vulgar, mas que fazia até o pescoço das mulheres girarem para lhe acompanhar. Esse poder que ela possuia, fazia Flávio se sentir um sortudo refém de todo aquele prazer.
Caminharam o quarto se beijando, ela jogou sua bolsa a tiracolo na cama e observou rapidamente o cômodo quando se afastou dele, planejando seu próximo passo diante das possibilidades que o local pudesse fornecer.
Ainda de pé, na direção da mesa e da cadeira próxima à sacada, ela tirou o cinto da calça de Flávio e ajoelhou-se, desabotoando sua calça e abaixando, permitindo que ele ficasse apenas de cueca. Ela o sentou na cadeira e o segurando seu queixo, para que a olhasse nos olhos, ela desfilou quase em câmera lenta em seu campo de visão, indo pra trás da cadeira, enquanto sua mão passeou pelo seu pescoço. Agora de pé atrás dele, com as duas mãos apoiadas em seu ombro, desceu pelo peito de Flávio, ao ponto de se agachar, respirar perto de seu ouvido e dar uma fungada no pescoço dele.
As mãos desceram só até a barriga e retornaram aos peitos, ombros e desceram pelos braços. Ela o soltou ordenando que não se mexesse. Fez uma espécie de algema improvisado com o cinto e o prendeu com os braços pra trás do encosto da cadeira. No pé do ouvido sussurrou:
— Você é meu prisioneiro. Eu sou a lei!
Agora de frente pra ele, Débora deu alguns cliques no celular botando algo pra tocar, a batida da música desconhecida tinha uma pegada Lana Del Rey, Two Feet com The Weeknd. Em seguida, acendeu o abajur, e aquela iluminação fraca, aumentava o poder daquela completa estranha, que tinha total domínio sobre ele. Ela foi se despindo sem pressa, deixando o vestido cair, e exibindo uma linda lingerie preta. Débora aproveitou que a cadeira já estava na direção da cama e sentou-se, de lingerie e salto… apenas. Ela rompeu o silêncio com uma voz manhosa.
— O que faço com você, ein?
— Sen…
— Cala a boca! Eu decido o que quero fazer. E agora você vai me observar tendo prazer.
Débora pegou sua bolsa e tirou um Jack Rabbit e um gel lubrificante. Ela encarava Flávio nos olhos e via seu pau pulsando cada vez mais diante de todo aquele desejo sem poder tocá-la. Isso a excitava. Ver o tanto que era desejada e ter total controle da situação. Inclinou-se um pouco pra trás, deitando-se sobre os travesseiros e apoiando sua cabeça na cabeceira. Ela fechou os olhos e passou o vibrador nos lábios, fazendo movimentos circulares com a língua, depois brincou descendo pelo seu corpo.
Passou pelo pescoço, foi descendo suave e delicadamente pelos seus peitos ainda vestidos, mergulhando entre eles como se estivesse em um tobogã, até chegar em sua virilha. Não tirou a calcinha ou a colocou de lado. Ligou o vibrador e passou por cima da calcinha. As pernas abertas, os gemidos de prazer, a mão baixou o sutiã, segurando e apertando um dos peitos, complementando aquele seu momento de tesão.
— Isso filha da puta, aperta esse peito do jeito que você gosta, eu quero te ver louca de prazer pra mim.
Débora sentia seu corpo esquentar e sua buceta encharcar mais ainda com a ordem de Flávio. Ela gemeu mais alto.
— Vai piranha, continua passando esse vibrador nela. Que delicia te ver assim, se masturbando pra mim… — Ele gritou por desejá-la — Ah, caralho, como eu quero te chupar, puta que pariu!
Quanto mais Flávio falava, mais ela se excitava, e apenas com a voz, ele deixava de ser o dominado e se tornava o Senhor.
— Eu quero ver você gozar, filha da puta! Enfia ele e esfrega essa buceta! Anda, porra! Coloca ele todo dentro de você, e se ajoelhe aqui e me chupe, por favor!
Que delicia havia sido o ouvir o tom da fala, dividido entre um comando e uma súplica. Mas ela estava disposta a torturá-lo em desejá-la e não possuir.
Moveu-se pela cama alternando as posições, enquanto brincava diante dele, e sentindo-se cada vez mais poderosa, a medida que mergulhava seu olhar sobre aquele homem desejando-a. Assim, seguiu ignorando seu pedido e divertindo-se com todo aquele som de gemido e imploração, grata pela anatomia de seu esplêndido companheiro Jack, que havia sido projetado pra estimular por dentro e o clitóris ao mesmo tempo. Após ela o colocar todo dentro de si, a princípio atendendo o pedido, simulou sair da cama, indo na direção de Flávio, mesmo com suas pernas começando a fraquejar.
Ela conseguiu chegar até ele, prometendo em cada movimento, entregar-lhe o que tanto desejava. Subiu com suas unhas a partir da canela. Não o arranhou, apenas riscava de maneira suave, para que ela a sentisse bem devagar, atormentado em expectativas. Logo, Débora baixou sua cueca, e contemplou seu pau em febre, erguendo-se, todo babado, e foi quando o encarou, com as pupilas dilatadas, desejando-o, perguntou o que ele queria, lançando-lhe um olhar condescendente.
Aquele era um jogo perdido e ele sabia disso.
Não importava o que ele dissesse, ela não faria.
Continuou a passear suas unhas, fingindo-se desentendida, enquanto o massageava e lhe fazia carinhos. Seu rosto e sua fala tremiam, quando a intensidade do Jack roubava-lhe o controle. Então Flávio a ouvia lhe elogiar em meio a um gemido, sorrindo e mordendo os lábios até que ela se pôs de joelho e agarrou os próprios seios e se permitiu gemer e suspirar por tudo o que sentia por toda a extensão de seu corpo.
Era visível a agonia dele, e isso a divertia, pois estava claro pra ela, que aquele homem jamais a esqueceria. A forma como ele parecia um animal preso por uma corrente, que se houvesse a menor falha de segurança a atacaria, faminto, pronto para devorá-la. Mas já era hora de recompensá-lo, não que ele merecesse, ela é que queria tocá-lo.
Débora engatinhou de onde estava até se apoiar nos joelhos de Flávio, fincando os dedos em suas coxas, subindo até sua cintura, cravando as unhas em suas costas, só para ouvir seu gemido de dor e prazer.
Ao levar sua boca de encontro onde lhe pulsava toda a vida, Débora passou a língua saboreando-lhe, desceu até a base, como se fosse se despedir. Ergueu a cabeça para o encarar fraco de tanto que tremia por desejá-la e o sugou olhando nos olhos, enquanto sua mão livre o arranhava o abdômen. Afastou-se e pegou o gel lubrificante, na intenção de passar nele e masturbá-lo.
Tudo o que ele queria era que ela continuasse chupando, mas o jogo estava nas mãos dela e sua vontade era de observá-lo se contorcendo de tesão. Ela se excitava ao encará-lo gemendo e revirando os olhos, além do vibro a lhe estimular. Ela tirou o vibrador e levantou-se, pois queria agora sentar nele, o sentindo duro e cheio de vontade, mas impedido de tocá-la.
Abriu um pouco as pernas dele e aproveitando que seu pênis estava de pé, o encaixou em sua buceta de costas pra ele e apoiando-se em seus joelhos, começou a sentar e erguer-se bem devagar, ficando em um ângulo que ao olhar pra trás, conseguia contemplá-lo delirando de tesão. Consequentemente, não demorou muito e Flávio anunciou que iria gozar. Ela se retirou e ajoelhando-se entre suas pernas abertas e com as unhas arranhando suas coxas de maneira bem suave, e então voltou a chupá-lo até sentir toda porra jorrar em sua boca e mesmo engolindo uma boa parte, foi inevitável não sentir um pouco escorrendo pelo canto de sua boca.
"Eu nem troquei de posição e ele já gozou?" - Pensou Débora frustrada, mas com um sorriso tímido no rosto.
— Vamos pro banho? — convidou Flávio.
Ela libertou seus pulsos, deixando o cinto ainda no formato de algemas, e o jogou em cima da cama. Ambos despiram-se por completo, entrando no banho, ele com um sorriso incrédulo e maravilhado, e ela agindo com a maior naturalidade. Parecia ser só mais uma terça a tarde, nada de mais. Então ela a levou contra a parede e lhe dedicou beijos e carícias. Flávio sabia que havia gozado rápido demais, e não interessava as possíveis desculpas. Fato é que ele deveria compensar a partir de agora. Como ainda estava em seu momento de refração, debaixo daquela água quente, beijou e tocou a buceta de Débora.
Ela estava tão quente quanto a água, e ainda cheia de tesão. Ele a colocou de costas se apoiando com a testa na parede enquanto água caia sobre sua espinha e descia numa corrente como se fosse um rio, seguindo a desaguar no mar. Mas a parte mais linda de se admirar, eram as curvas que as gotículas faziam até passar por entre suas nádegas.
Flávio levou suas duas mãos entre seus cabelos, como se fosse massagea-los após uma aplicação de um produto capilar, mas seguiu descendo os dedos explorando o pescoço com todo o suave toque. Passou pelos ombros, até que juntou seus braços nas costas e a sentiu empinar, causando o encontro de seu sexo. Com uma mão, ele passou a segurar seus dois braços e com a outra, passava e lhe apertava a região torácica. Enquanto seu pau, agora já completamente recuperado, a roçava por entre suas pernas, mas sem a penetrar.
Débora ia empinando conforme os movimentos iam lhe conduzindo.
Transaram em pé de baixo do chuveiro, com ela de costas, pressionada com o contra a parede fria em choque com seu corpo quente. Seguiram variando as posições, com ela ficando depois de frente, segurando uma perna e penetrando mais fundo…
Diversificaram os ângulos como podiam dentro daquele espaço.
Saíram do box aos beijos e pulando em seu colo, Débora mandou que ele a levasse pra cama, onde Flávio dedicou-se única e exclusivamente a chupá-la, com o intuito de fazê-la gozar…
Ele a deitou na cama, apoiando-a na pilha de travesseiros, onde sua cabeça pode ficar inclinada para o observar descer beijando seu corpo, até que se pôs entre suas pernas e começou a passar a língua bem de leve, e encarando-a com um olhar selvagem e fixo. Diante daquela cena, ela se recordava do animal que havia instigado e agora sentia-se pronta para ser saboreada, com o tanto que seu corpo escorria.
Ela segurava e acariciava sua cabeça, passando os dedos entre seus cabelos, suspirando e soltando gemido e à medida que sua excitação aumentava, puxava seus cabelos. A dor que Flávio sentia com cada puxão aumentava a sintonia sexual entre eles.
Todo o corpo de Débora relatava sem mistério algum a satisfação e o prazer daquela troca frenética e vivida. Sua fala se misturava aos gemidos. Ele a sugava, lambia e massageava, e seguia as reações dela, como um medidor, a fim de saber o movimento e a região que mais a excitava, com o mais suave ou intenso toque. A certeza que cabia a ambos era o desejo de morar despreocupadamente naquela posição de prazer mútuo.
Ao olhar pro lado, Flávio viu o querido "Jack" e resolveu trazê-lo pra brincadeira. E vendo que a buceta de estava bastante lubrificada, ergueu sua cabeça, mostrou o brinquedo e ficou passando pra cima e pra baixo, fazendo com que ela sentisse cada relevo do brinquedo, deixando ele todo babado.
Flávio levou uma de suas mãos ao peito de Débora e apertou enquanto passeava com o "Jack" em sua buceta. Ela seguia gemendo e se deliciando em prazer ainda mais, quando ele subiu sua mão e apertou seu pescoço. Ela sorria… Ele subiu um pouco mais a mão, deixando 4 dedos em sua nuca, como se a apoiasse e enfiando seu dedão na boca dela para ela chupar. Em pouco tempo, não era mais o dedão, que Flávio queria que ela chupasse.
Como se tivesse lido seus pensamentos, ela mudou sua posição, mandando ele ficar de joelhos na cama. Então ficou de quatro, sedenta para chupá-lo, enquanto seu corpo desfrutava do prazer extra, causado pelo vibrador. Além de lhe estimular por dentro, as "orelhas" do Rabbit a masturbava, e toda aquela interação intensa, estava proporcionando muito prazer aos dois.
Ele encarava Débora se contorcendo na cama, quando parava de chupá-lo, em busca de recuperar o folego, ela o masturbava. Flávio estava adorando admirar a encarada que ela lhe dava, enquanto mordia os lábios, revirava os olhos, gemia alto sentindo a vibração do "Jack", despreocupada em externar seu total tesão.
— Me fode agora, vai! Eu quero te sentir todo dentro de mim!
Na parede lateral da cama, a mesma para a qual Flávio estava de frente enquanto estava de joelhos, havia um grande espelho.
— Eu quero te ver naquele espelho… quero olhar nessa tua cara de puta safada e olhar pelo espelho sua bunda empinada enquanto me chupa, admirando o vibrador trabalhar dentro de você.
Sem pestanejar, Débora obedeceu sentindo todo aquele misto de tensões pelo corpo, calor e arrepios, se aproveitando de toda a criatividade que vinha sendo explorada naquela noite. Não levou um minuto, para as pernas começarem a falhar e quando ela se moveu para trás, interrompendo o boquete, levando a mão para retirar o vibrador, Flávio a segurou pelo queixo e com a voz séria, rouca e ofegante, questionou com os olhos cerrados e uma das sobrancelhas arqueadas.
— Eu por acaso mandei parar?
Ela se ergueu para beijá-lo, já fraca e acenando a cabeça de maneira negativa, declarando sem palavras, que naquela posição não daria mais. Apenas obedeceu quanto a não retirar o brinquedo, mas se lanço de costas no colchão macio, puxando-o para cima de si. Ele contemplava sua fome de sexo, admirando toda aquela vontade e desejo por mais, ainda que seu corpo pedisse uma pausa.
Enquanto estava por cima dela, levou a mão fechando em seu pescoço e a beijou. Um beijo lento, molhado, daqueles que nos toma todo resquício de fôlego. Desceu com sua outra mão passeando pelo corpo de Débora e retirou o vibrador de dentro dela.
Continuou beijando-a sentindo sua respiração tranquilizar. Diante de todo aquele toque, aquela aura romântica e cheia de carinho e atenção, assim que ambos relaxaram um pouco, tornaram a degustar da intensidade. Flávio a conduziu ficar de bruços e depois a puxou pelos braços, colocando-a de joelhos e de frente para o espelho, enquanto ele por trás, beijava sua nuca e envolvendo-a com seus braços, apertava seus peitos. A pele arrepiava, apesar do quarto abafado e úmido, com todo aquele sexo no ar, tateando e apertando todo o corpo dela. Débora se encaixou, sentindo cada veia grossa pulsando o sangue que o deixava tão ereto e duro. Flávio pegou a algema improvisada com o cinto, pegou os braços trazendo-os pra trás e colocou as "algemas" nos pulsos dela, sem se mexer muito, fazendo tudo isso com seu pau dentro dela. Débora o sentiu dominar mais uma vez.
Flávio a segurou pela algemas, e baixou sua cabeça no colchão, ficando com a bunda bem empinada, mas com o tronco quase todo deitado na cama. Ele começou a socar devagar e conforme ouvia os gemidos abafados, aumentava a intensidade. Ela começou a pedir mais, receber mais, gritar por mais, gemer mais alto e não demorou muito até que Débora sentiu seus músculos contraírem com a toda aquela liberação de adrenalina, jurava poder ouvir seus batimentos cardíacos de tão acelerados, sua pupila dilatada e seus mamilos altamente rígidos, e a queda por completo na cama, anunciavam seu orgasmo. Flávio levantou-se para buscar água e voltando, sentou-se ao seu lado ainda de pau duro.
Débora sorria enquanto bebia água. Há tempos ela não tinha um parceiro de transa que combinasse tanto com seu sexo que a surpreendesse tanto. Quando sentou para cavalgar nele enquanto estava na cadeira e ele gozou, achou que sua noite havia terminado ali, mas Flávio reverteu o jogo da melhor forma possível. Ela estranhou realmente o quanto estava entregue naquele momento. Observando-o sentindo seu cheiro, seu suor, olhava fundo em seus olhos segurando o copo e o apoiando nos lábios… Até que o pousou na mesinha de cabeceira e deitou-se em seu peito, nua e saciada.
— Valeu a pena ficar um pouco mais?
— Olha carinha do T.I., namoral… Que ódio! — Disse Débora com um sorriso largo no rosto.
— Ué, não entendi. O que foi?
— Eu não sei no que você acredita, mas já tinha um tempo que eu só vinha me envolvendo com pessoas… como posso dizer… — Ela buscava palavras pra explicar, quando ele a incentivou contar o que quer que fosse.
— A maior vantagem do mundo é que sou um estranho, então você pode dizer qualquer coisa.
— Mas tu é fofoqueiro ein… Gostei!
— Fofoqueiro não, curioso! — Flávio riu daquela situação, fingindo costume naquele bate-papo pós-sexo.
— Eu tô curiosa pra saber o que tu fez pra ela te largar…
— Ela quem? — Flávio ficou sem entender aquele julgamento gratuito.
— Um homem gato, bom de cama e sabe conversar, tu deve ter vacilado feio.
Ele sorriu entendendo perfeitamente a provocação.
— Talvez meu vacilo tenha sido não a ter acompanhado… — Flávio sentou-se de maneira mais confortável, recostando-se na cabeceira. — Aproveitando que somos estranhos, e você abriu a terapia, a última pessoa de quem eu verdadeiramente gostei, precisou ir embora pra cuidar da mãe em outro Estado.
— Vou supor que você não quis tentar um relacionamento a distância
— Nunca soube lidar com um presencial, quem dirá a distância…
— Foi recente?
— Vish, faz é tempo… E nem foi um relacionamento, sabe? Foram meses maravilhosos, mas nunca oficializados.
— Acho válida essa prática de não oficializar logo uma relação. É horrível quando não da certo. A gente meio que tem que se explicar pra Deus e o mundo depois… Troço chato do caralho.
— Você é divertida, Débora. Ousada e divertida!
— Ousada não, tarada! Me respeita. — Os dois gargalharam.
— Tá, e qual é a sua história amorosa?
— Uma mulher que tem uma queda fácil por sexo e inteligência. A parte ruim é que sexo vem em primeiro lugar, aí o tesão não deixa sobrar muito tempo pra avaliar se a pessoa é realmente inteligente, ou apenas se informou por cortes de podcast, ou de resenhas mal feitas de livros.
— Você não me parece dar condição pra esse tipo de cara merda…
— Hoje em dia estou um pouquinho mais seletiva… Apesar de hoje eu ter saído de casa e deixado o critério no sofá. — Disse Débora enquanto passava o dedão nos lábios de Flávio e o encarava com um desdém brincalhão.
— Se eu tivesse coração, juro que me sentiria mal. — Flávio brincou com a provocação dela.
— Acho que estou tão boa em atrair caras interessantes, que até quando não procuro, o universo me manda.
— Eu já quero a pior história! — os olhos de Flávio brilhavam em atenção e curiosidade.
— Você tá com tempo? — Débora riu
— O quanto você precisar. — Flávio acariciou seu rosto.
Débora observou toda aquela cena, a forma como aquele estranho a tratava e ficou confortável para dividir a história.
— Então eu me relacionei com alguém um tempo atrás, aquele típico homem pavão. Grande, musculoso, cheio de presença. E ele é militar, o que até reforça aquela ideia de poder. Pensei que tinha arrumado alguém que fosse me dominar, mas o babaca meio que queria me adestrar. Que desperdício.
— Que azar o dele e que sorte a minha…
— Bobo você, ein! Te falar que ele tinha porte de arma, algemas e cacetete de uso de trabalho. Nunca ousou fazer uma cena, algo bem provocante, e aquelas algemas? Acredita que nunca usou comigo?… Não aceitava assistir um filme mais quente, dizia que eu tinha desvio de caráter… Me sentia culpada, por gostar.
— Eu ainda estou processando a informação de que ele tinha acesso a essa performance e reclamava… — Disse Flávio incrédulo.
— Segundo minha terapeuta, eu estranhamente só me atraia por homens inseguros.
Flávio sorriu pensando: "Moça, seu GPS é dos bons, mas foi finalmente desativado…"
— Ah, mas insegurança é complexo… O que você quer dizer especificamente?
— Ciumentos, possessivos, com um medo de serem traídos enquanto, adivinhe só, estão traindo. Hipócritas…
— Relaxa que eu vou super entender se você disser agora: "Nem todo homem, mas sempre um homem…"
— Goste você ou não, essa frase carrega muitas verdades!
— Pode descansar, eu concordo! — Flávio riu. — Enquanto caras usam a Internet pra destilar misoginia, potencializar suas dificuldades e ignorâncias sobre interagir com as pessoas, eu passei a aprender bastante com todas as reclamações das mulheres…
— Olha só, que gentleman. Achei fofo. — Débora o acariciou, como se recompensa um pet por atender um comando.
— E é nesse momento que eu te decepciono! — a troca de olhares ficou tensa e ameaçadora. — Eu só queria transar. — Flávio a encarou com um olhar desdém e um sorriso safado. — Desculpa, sou metade “heterotop”, metade “esquerdomacho”.
— E é nesse momento que o diabo te olha e diz "Meu Deus…" de tão surpreso com sua audácia. — Deu pra ver, mesmo com a pouca iluminação no quarto, os olhos arregalados e as sobrancelhas arqueadas de Débora, simulando o que seria a face de surpresa do Deus do submundo, diante do comportamento de Flávio. Seu tom mudou, carregando uma luxúria e no toque, enquanto passava a mão no tórax dele.
— Mas você fala como se nós mulheres não tivéssemos essa vontade também. De só transar e cair fora… Até porque, não tá compensando ficar com o porco todo, em troca de 200g de linguiça.
— Foi brincar de ofender e tá levando a sério, ein!
— Desculpa, é que você não se ofende, então acaba me desafiando. Mas voltando ao assunto, sim! Nós mulheres amamos sexo. O problema é que a maioria dos homens só se importa em gozar.
— Sei lá, não vou falar por todos os homens. Mas o fato deles transarem mal, faz com que a mulher desconte todo o estresse com disposição, força e vontade… E agradeço demais por ter sido o escolhido hoje!
Débora o encarou e sorriu.
Levantou-se, foi até o banheiro ainda sorrindo e depois gritou:
— Por falar em disposição, saiba que eu quero mais, gato! — Débora se divertia com aquela conversa franca e leve, pensando que aquele era um pequeno instante de felicidade e prazer, onde nada mais no mundo importava.