A paixão

To cansada de falar. Deito na cama, o frio faz-me encolher, como um bebê ainda na barriga. Ouço o barulho da chuva e nada mais. A luz que entra é um feixe da porta entreaberta que da pro corredor, sempre iluminado (mamãe diz que corredor não pode ficar no escuro por causa das energias. Tem um pêndulo no teto pelo mesmo motivo).

O telefone toca insistentemente na sala. Não quero atender. Não pára! Droga. Tento levantar, mas umas das minhas pernas está dormente. O telefone grita e minhas pernas não saem do lugar. Consigo sentar na cama. Só de pensar em levantar, a perna já pesa, e formiga, e dói. O telefone berra e eu resolvo levantar. Acabo caindo. Me arrasto, e mesmo assim ainda dói. Consigo chegar à porta e avisto o corredor. Mas esse corredor cresceu de ontem pra hoje? O pé encontra o chão como se tivesse uma tonelada, e eu vou me arrastando. O telefone esperneia e eu consigo alcançá-lo.

Atendo. Era engano.

(Saber lutar pelo que é realmente importante)

LP náira

27.12.2007 17:12h

LP
Enviado por LP em 27/12/2007
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