Ouro de Minas

 

 

 

O nome dele era Jorge Dolé e ninguém sabia de onde tinha vindo. Com seu chapéu maneiro, sua jaqueta e bota de couro, e certa altivez no olhar, marcava o território sem medo.

 

Seria um matador de aluguel ou um cantor sertanejo desconhecido? Boatos não tardaram a percorrer o povoado.

 

Se fosse um personagem da literatura, na voz de Clarice Lispector, diriam que ele vinha de infinitos caminhos ou de algum cabaré.

 

- Mais uma dose, por favor. Seu chapéu que descansava sobre o balcão, permitia um maior brilho dos seus olhos verdes. O dono do bar lhe serviu o conhaque indagando: vai demorar na cidade ou está só de passagem?

 

- Depende. Onde é a casa de José Ribas?

- Não é melhor procurar o delegado na delegacia?! Jorge fingiu não ouvir. Mas seu olhar varria a rua, subia em velhas árvores até cair num prato de sopa.

 

- Dos infinitos caminhos de onde vim, me resta estar um pouco com “pai e mãe, ouro de minas”...

-Ah, sim. Um poeta! Sua chegada será motivo de orgulho e festa.

 

 

 

 

 

 

 

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 21/11/2023
Código do texto: T7936911
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