Ouro de Minas
O nome dele era Jorge Dolé e ninguém sabia de onde tinha vindo. Com seu chapéu maneiro, sua jaqueta e bota de couro, e certa altivez no olhar, marcava o território sem medo.
Seria um matador de aluguel ou um cantor sertanejo desconhecido? Boatos não tardaram a percorrer o povoado.
Se fosse um personagem da literatura, na voz de Clarice Lispector, diriam que ele vinha de infinitos caminhos ou de algum cabaré.
- Mais uma dose, por favor. Seu chapéu que descansava sobre o balcão, permitia um maior brilho dos seus olhos verdes. O dono do bar lhe serviu o conhaque indagando: vai demorar na cidade ou está só de passagem?
- Depende. Onde é a casa de José Ribas?
- Não é melhor procurar o delegado na delegacia?! Jorge fingiu não ouvir. Mas seu olhar varria a rua, subia em velhas árvores até cair num prato de sopa.
- Dos infinitos caminhos de onde vim, me resta estar um pouco com “pai e mãe, ouro de minas”...
-Ah, sim. Um poeta! Sua chegada será motivo de orgulho e festa.