Apagaram-se os vaga lumes

Não faz diferença os anos,  porque os anos serão os mesmos. A diferença está em perder a criança das estações dos dias, porque elas polinizam a vida.Concluía assim, um velho, cansado no fim de sua lida.

Da janela dessas ruas. Periferias iguais as suas...se ouvia uma algazarra de gritos desordenados, de filhos e filhas a descobrir qualquer coisa como um certo brilho.

Quando andavam...

Criavam no desmantelo da idade, faziam carrinhos de rolimã, carrinhos de lata de leite, empinavam curicas, como as pipas,

Inventavam a arte brincando com mato, com pedaço de vidros,andavam com pés de pau,

Bambolês,  pula cordas, a pular na macaca,  bandeirinha, polícia ladrão.

Mas ninguém virou bandido não.

  Quando caminhavam na lama, sem calçada, o futebol era fundamental,  mas quando a chuva se manifestava, risos e gargalhadas em baixo das bicas de água...

Tudo era tão difícil com a miséria , a fome e a falta de morada, o desemprego e a ignorância naquela infância, que os tornava tão além de si, que transcendia ao tempo...

Nas árvores frutíferas faziam inveja aos periquitos,  queriam e queriam ser artistas. Trabalhar como a fina flor de um condado. Estudar com o sonho de ser ou ter um príncipe encantado. Contar histórias e rir num dobrado.

Até que a geração cresceu...se morreu não sabemos dizer.

Acontece,  que acostumado ao vício de ver a molecada festejar, mes esqueci de lembrar,  que estamos na era de outra revolução.

Esquecendo que somos um complemento de cada um, corri a janela nessa tarde, mas não vi nenhum menino ou menina...

Parece que todos estão em suas tocas, escondido do mundo a sua volta... acabando com a vista,  a fazer brilhar as telas,  que em nome de um futuro de ouro aprisiona e cega,  acabando com as serestas dos meninos da floresta.

Matando pra quem quiser ver a existencia dessa mata.