COCHILO DURANTE A TRANSA

A mansão estava totalmente às escuras quando madame Nadiana Gonzalez chegou. Ela era a dona daquele antigo prédio de dois andares e estranhou estar tudo apagado. Onde estaria seu companheiro Sigismundo? Como tinha as chaves tentou abrir a porta, mas já estava aberta. Adentrou a sala e nesse momento as luzes se acenderam, o que lhe causou uma surpresa. Um grande e envernizado relógio de parede, como a saudá-la, começou a badalar, foram exatamente doze badaladas. Instintivamente ela olhou o seu relógio de pulso, conferia a hora, precisamente meia noite. Junto ao relógio a sua gatinha 'Mimi' soltou um miado estranho, esquisito mesmo, o que causou espanto a madame Nadiana. Parecia mais um rosnado de um felino feroz e isso a fez recuar e ganhar o jardim e ver a porta se fechar sozinha e as luzes se apagarem.

Lá estava ela novamente querendo entrar e com medo da sua gatinha de estimação. Criou coragem e pegou novamente as chaves, mas lembrou-se que poderia estar aberta a porta como da vez anterior. Com efeito, nem precisou de esforço, a porta abriu-se sozinha e mesmo cismada a madame entrou. Dessa vez as luzes não se acenderam e o relógio novamente badalou doze vezes para admiração dela. Dois olhos brilhantes lhe espionavam junto ao relógio e ela sabia que era 'Mimi'. Ainda asustada, porém mostrando coragem, madame Nadiana Gonzalez gritou alto o nome do companheiro:

- Sigismundo, onde você está?

Ninguém respondeu. Aflita ela subiu as escadas que dava acesso aos seus aposentos e bateu na porta insistindo na presença de Sigismundo. Empurrou a porta e viu o companheiro em sua própria cama em colóquio com outra mulher. Enfurecida Nadiana Gonzalez partiu para cima da outra e exigiu que deixasse o local, mas antes começou a esbofeteá-la. Sigismundo ali de lado não reagia, apenas ria da atitude da sua mulher. Quanto mais ela batia na vagabunda (assim passou a destratá-la) mais ela sentia a dor em seu próprio corpo. Olhou atentamente para a mulher e deduziu que essa "outra" era ela própria e que estava batendo em si. Confusa, sem nada entender, parou de bater e viu a luz do comodo do casal acender. Sigismundo estava de pé na porta, ele tinha acionado o interruptor. Mais confusa ainda Nadiana ficou quando percebeu que estava completamente despida, assim como o companheiro. Eles estavam tendo relação íntima quando ela adormeceu.

- Bonito, né? - disse Sigismundo - dormindo em plena noite de amor! Ainda atarantada e sem saber o que dizer, madame Nadiana Gonzalez pediu desculpas e reiniciaram a transa, atrapalhada pelo seu repentindo cochilo.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 12/11/2023
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