Memórias

Bom, meu irmão Cláudio, ainda adolescente, se converteu ao evangelho juntamente com Jovelino, que hoje é pastor muito respeitado em nossa cidade, isso foi lá pelos idos de 1977 e logo depois, quando já havíamos nos mudado para o bairro Cachoeira foi a vez de meu irmão Vicente tomar o mesmo caminho. Meus pais não se opunham desde que não pregassem pra eles. Mas eles pregavam sim e aconteciam fervorosas discussões religiosas. Meu irmão mais velho Jaime, chamava os dois de protestantes. Logo depois nos mudamos de volta para o lavrado. Lembro que estávamos em 1979 porque eu estudava na quarta série no Grupo da Zulma e teve uma greve dos professores em plena ditadura militar. É, não é de hoje que a Educação é desvalorizada. Naquele ano eu tive uma professora chamada Rosilene, que conseguiu arrancar boas notas de mim. Sobre minha vida escolar, vou parar por aqui, mesmo porque já falei anteriormente, mas foi nessa época que comecei a gostar de escrever. O tempo foi passando e mais ou menos em 83, meu irmão Jaime vendia sandálias de fabricação própria numa feira que tinha em Pitangui. Eram sandálias que ele fazia e eu ajudava tanto na fabricação quanto na venda. Foi nessa feira que conhecemos um simpático senhor que vendia quadros. O nome dele é Adilson. Era partor e pregou pra nós. Eu sentia algo queimando no meu interior mas resisti. Não queria ser crente. Não queria ser antiquado, quadrado. Queria Deus, mas não queria me encaixar em um sistema religioso. Eu lia a Bíblia, tinha desejo por Deus mas não gostava de religião. Participava de grupos de jovens católicos desde que as ideias e os pensamentos fossem enfocados. Tinha muitos amigos de um movimento de jovens cristãos não atrelados à igreja católica. Éramos um grupo "desgarrado". Mas meu irmão aceitou o evangelho e se tornou o que eu mais temia ser: um crente chato. Nessa altura, minha irmã cida, já era crente e a Célia também. Meu pai fez amizade com Adilson e também aceitou o evangelho. Minha mãe, relutou, mas também aceitou. E eu? Eu lia a Bíblia, mas também lia filosofia, teosofia, livros do hinduísmo. E escrevia meus poemas. Queria sim, encontrar a verdade, mas não a religião manipuladora. Vou parar por aqui. Em breve continuo.

R Caroli
Enviado por R Caroli em 12/11/2023
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