Foto by Sandra Laurita
Inconcebível estupidez humana (BVIW)
O céu parecia uma bola de fogo. Sara abriu os olhos atônita, olhou para suas mãos tingidas de vermelho. Puxou o ar e tentou se mexer. Todo o corpo doía. Uma poeira cobria o cenário, feito miragem, daquelas que se observa no asfalto em dias quentes. Soltou o ar, e as vozes começaram a ecoar em seus ouvidos. Gritos, choros, gemidos. Não era uma miragem, uma bomba havia caído sobre todos.
– Raul!?
Gritou desesperada. O que teria acontecido com ele?
Na noite anterior eles tinham decidido assumir o namoro para as famílias que julgavam essa união impossível e inconcebível – inconcebível é a guerra, o desamor, pensou Sara. Correu até a estação de trem. A bomba explodiu no exato momento em que Raul descera na plataforma. Sara correu até ele. O corpo estendido no chão, nas mãos, um buquê de rosas, no bolso, o anel de noivado. Sara chorou copiosamente, uma dor dilacerante a invadiu, e naquele momento, desejou ter morrido também. Lembrou-se então, das palavras da avó, a quem confessara o romance:
– Sara, não espere as coisas melhorarem, amanhã pode não dar tempo, lembre-se, hoje é o melhor dia para fazer aquilo que faz o seu coração vibrar…
Sandra Laurita
Tema: Seria miragem? (Conto)
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Interação do poeta Jacó Filho
ESTÚPIDO CONFLITO
De alguns, tiram a vida,
Do resto, tiram o norte...
Essa guerra descabida,/
Espalha terror e morte.../
Inda põem Deus no conflito,
E não escutam os gritos,
De tantas pessoas aflitas,
Independente da sorte,
De alguns, tiram a vida,
Do resto, tiram o norte...
(Jacó Filho)