Quando o morcego posou sobre a pia da cozinha, eu pensei nas frutas... que ele pudesse amar, mas logo descobri que era a mim, que ele amava.

 

Tomou vida em aparência de jovem mulher eternamente jovem mulher... Persegui o seu corpo com os olhos; seu corpo coberto por um manto preto, mas transparente...

 

Então eu podia ver, tudo que mais queria ver.

Eu poderia ser... tudo que sempre quis ser.

Eu pensei, soletrei em minha mente, e eu orei em meu espírito... fiz pedidos de coisas como:

 

Beijos... Coisas como: abraços... Coisas como: afagos, suspiros... Coisas como: sexo e amor eterno.

 

– "Qual o seu nome?", perguntei.

 

Ela sorriu largamente me mostrando suas presas. E foi só após esse riso largo... que eu entendi, que ela estava viva mas estava morta. E que logo, logo, eu estaria vivo e estaria morto também.

 

 

Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 07/10/2023
Código do texto: T7903493
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