Nove de agosto, Um dia cercado de mistério
Angela acordou às 6:30 da manhã, depois de uma noite, onde os pesadelos, moravam na casa grande, ou seja, num hospital. Nele ela dava entrada para ser atendida, com fortes dores e caminhava pelos corredores, paredes pintadas de tons verdes e cinza, cores suaves que se espalharam por todo ambiente. Por instante ela acordou assustada, lembrou de sua irmã Deia, que arrumou seu cabelo naquela noite, e relatou sonhos com graves acidentes. Angela, sem perceber, já estava ao telefone, onde deixava uma mensagem para um amigo de doutrina e pedia auxílio. Desligou e escutou as mensagens na secretária eletrônica, sua tia deixara um recado importante, havia tido um sonho com sua mãe já falecida, feliz ela avisava que estaria em uma missão muito importante. Voltou a olhar para o relógio e já passava das 2h da manhã. Decidiu, maravilhada com a notícia, voltar a dormir. No transe do sono já estava novamente na casa grande, cenas fortes e muito sofrimento, causaram um desajuste e ela acordou. Levantou-se e foi tomar um banho, se arrumou e de repente teve medo. Sentou no sofá e uma melancolia tomou conta dela, encostou a cabeça no sofá e às 8:40, saiu. Ao passar pelo portão, sua irmã Deise, gritou seu nome e pediu para ela não sair, repetiu por duas vezes, mas ela saiu, o compromisso tinha horário e as pessoas dependiam dele. Desceu a passarela de costume e parou em frente ao ponto de ônibus, um cão, se aproximou dela e insistiu ficar encostado junto às suas pernas, tinha o corpo todo em feridas abertas, com chagas que, ela nunca havia visto, sentou-se e ele se deitou aos seus pés. Passado alguns minutos, o ônibus veio, ela deu sinal e quando ia subindo às escadas, ouviu uma colega de trabalho gritar, “segura, pede para aguardar”. Ela, então, pediu ao motorista para esperar e logo Shirley chegou cansada e sorrindo muito, pois estava atrasada e encontrou com a chefe no ponto, entraram e se divertiam com a situação, conversaram pouco durante a viagem, pois a empresa ficava a três quarteirões e logo chegaram. Em frente ao trabalho, Angela deu o sinal, o ônibus parou, elas desceram e foram exatamente dois passos em cima da calçada, quando ela ouviu um estrondo. Um silêncio enorme tomou conta da sua mente, via um espaço em branco em volta dela, não sabia mais onde estava, naquele momento havia sido lançada para o alto e Deus, Jesus e os anjos as colocaram no colo, e ali era hora da decisão maior, viveriam ou morreriam! Angela voltou e misteriosamente, foi lentamente colocada ao chão, consciente e sem dor. Os ferimentos eram graves, olhou em volta, sentia uma paz muito grande e a presença de sua doce mãe dava a ela a lucidez necessária para não dormir. Despertou de vez para a realidade, quando ouviu Tayane, outra colega de trabalho, chamar suavemente seu nome, seus olhos se abriram com mais força e elas se abraçaram, e assim, teve a notícia que Shirley estava desacordada e ainda seria socorrida. A avenida parou, olhos assustados dos motoristas, se apiedaram diante delas. A visão do carro destruído em cima do passeio junto ao poste era assustadora, todos pensavam que vidas tinham sido perdidas. As sirenes começaram a vir de todos os lados, os anjos desceram das ambulâncias para cuidar delas, primeiro deixaram Shirley estável, depois outros anjos vieram até ela, cortaram suas roupas, para constatar os traumas e a consolavam com muito carinho, foram levadas para as ambulâncias, após a contagem no 1,2,3. Os olhos de Angela se encheram de lágrimas, mas não de dor, ela estava feliz de ser cuidada, amparada e socorrida, Tayane largou tudo, entrou na ambulância e só as deixou, quando a família chegou. E já no leito de dor, com sérios traumas, que dariam sequelas para sempre, percebia como Deus era maravilhoso, que a vida não se perdia, sem que ele permitisse, que nossos familiares nessa ou em outra vida, vivem nos planos certos a serviço de Deus e de um bem maior. Angela e Shirley, nunca mais seriam as mesmas, e compreenderam que a vida é o despertar de todos os dias, e que viver tem um propósito, tem sinais, tem sensibilidade, é um resgate, uma benção para uma evolução maior.