A TRAIÇÃO DE MADAME FRANCESCA

 

 

Quando Madame Francesca Village chegou em casa, eram aproximadamente 8 da noite e o marido dela, Dom Juan Village, estava certamente muito impaciente.

 

- O que foi que aconteceu com a Senhora? Faz quase duas horas que cheguei e você não estava em casa! - Questionou ele sem ao menos cumprimentar a esposa, de pé na sala da casa.

 

Ela, vestida elegantemente e ainda cheirando a perfume francês, para ter ido visitar alguma amiga ou familiar estava fora do seu costume geral. Ela fechou cuidadosamente a porta atrás de si e o encarou de maneira severa como se sua atitude fosse uma coisa natural, apesar dele não estar gostando do que via.

 

- Desculpe, querido, eu tentei ligar, mas você não atendia o celular - declarou, dando um jeito nos cabelos com as mãos.

 

- Mas o telefone não tocou! - Exclamou ele contrariado. - Mas você poderia ao menos ter deixado um bilhete!

 

- Me disseram para não fazer isso - disse Madame Francesca. - Que quando eu voltasse poderia contar pra você o motivo da minha demora.

 

- Quem disse? - Questionou Dom Juan com as mãos na cintura.

 

A Madame deu de ombros.

 

- Os dois seguranças do Governo Central que vieram me buscar logo cedo.

 

Dom Juan ainda irritado franziu a testa.

 

- Quer que eu acredite nisso, que você se produziu toda para atender a um convite do Governador? Como pode inventar uma história dessa?

 

Francesca parou de arrumar os cabelos e o encarou bem nos olhos.

 

- Não foi um simples convite, Juan. E me disseram para que me arrumasse para encontrar quem estava à minha espera.

 

Daniel teve mais um impacto emocional e cruzou os braços.

 

- Você foi levada por dois seguranças do Governo Central para um encontro? Com quem?

 

- Não é o que você está pensando - replicou calmamente Francesca. - Na verdade eu fui chamada para tomar chá. Com a primeira dama.

 

Dom Juan arregalou os olhos. Ou a mulher estava ficando louca, ou algo esquisito estava acontecendo.

 

- Por acaso você foi sorteada em algum tipo de concurso cujo prêmio era tomar chá com a mulher do Governador? Você nem conhece e nem tampouco a mulher dele!  Pode me explicar o que está acontecendo?

 

Madame Francesca, bem tranqüila, balançou a cabeça afirmativamente.

 

- Vou explicar direitinho. Ela própria mandou me chamar, queria saber de mim sobre os meus dotes como boa doceira. Por isso pediu ao serviço secreto que mandasse dois agentes à minha procura.

 

O desconfiado marido começou a pensar se a esposa estaria realmente dizendo a verdade, por mais absurdo que aquilo parecesse.

 

Ele já tinha ouvido falar sobre uma possível traição da esposa, mas não deu muita atenção, confiava nela e achava impossível ela fazer isso dada a sua ótima situação financeira e prestígio na sociedade.

 

Já mais calmo Juan falou para a Madame sua esposa:

 

- Você teria coragem de me trair?

 

Francesca balançou negativamente a cabeça. E respondeu:

 

- Você sabe quem eu sou: uma pessoa de vida bem estruturada, tenho você, para que queria arranjar outro homem?

 

Ele sorriu satisfeito. Começou a falar de sua vida, da sua juventude e de como conheceu ela. Ela só fazia sorrir.

 

Parou de falar um momento, para apreciar a tensão tomando conta do corpo da esposa. Amava ela. Francesca entrou no quarto do casal, antes, ao passar por Juan, que continuou parado, sem se virar, acrescentou:

 

- Mas posso dizer que comi o melhor biscoito e a melhor torrada com café fresco da minha vida!

 

Ele também entrou no quarto, estava exausto esperando a esposa. Pensou no amigo que lhe confidenciara que ela o traía com o Chefe de Gabinente do Governador. Outras vezes ela chegara tarde e ele nunca a questionou, amava-a loucamente e não queria desapontá-la. Resolveu esquecer tudo, queria preservar o casamento, afinal ela lhe tratava muito bem.

 

 

 

 

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 23/09/2023
Reeditado em 25/09/2023
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