CORRIDA CONTRA O TEMPO

 

 

Eu tinha acabado de chegar do trabalho, a noite já anunciava a sua presença quando o telefone tocou, nem deu tempo de entrar no banheiro para um banho relaxante, me preparar para o jantar e em seguida ir para a casa de Lígia, que ficava a dois quarteirões. Minha mãe foi quem atendeu e pelo seu semblante vi que era algo grave. Tomei o telefone das mãos dela e rapidamente perguntei quem era. A voz rouca e pausada de Lígia, minha namorada, me pedia para ir ao seu encontro imediatamente, era questão de minutos para encontrá-la com vida. Meu corpo estremeceu, gelei dos pés a cabeça, por alguns segundos fiquei paralisado e sem saber o que fazer.

 

- Onde você está? - gritei desesperado.

 

Quase sem fôlego ela disse que estava em casa e precisava me ver o mais rápido possível. Soltei o aparelho que caiu do gancho e ficou pendurado e rapidamente vesti a camisa, calcei os sapatos e corri como um louco pela rua sem me preocupar com os carros que buzinavam insistentemente. Em menos de dez minutos cheguei na casa dela. Abri o portão de ferro, adentrei e bati desesperadamente na porta, que se abriu sem que ninguém a impulsionasse para dentro. Achei estranho, na sala não existia uma só pessoa da família. Quase gritando chamei pelo seu nome e empurrei a porta do seu quarto, lá estava Lígia inerte na cama. Ela não pronunciou uma única palavra, apenas sorriu como se agradecesse pela minha chegada no menor espaço de tempo possível.

 

Naquele momente eu me vi fora de mim, meu semblante teve uma espécie de alívio e na minha cabeça passava um filme sobre os nossos momentos de felicidades. Estávamos num parque, eu via muitas flores, crianças brincavam por ali e Lígia sorria como se fosse uma daquelas crianças. Entusiasmado peguei uma flor e ofereci para ela. Para minha surpresa ela parou de sorrir, pegou a flor e machucou-a na minha frente. Seu olhar se tornou rancoroso e em seguida ela desfaleceu. Tentei segurá-la, porém me faltaram forças e tudo escureceu.

 

Despertei sobre o corpo inerte da namorada, em sua cama, sob o olhar enérgico de sua mãe me censurando. Aquilo me fez procurar terra nos pés e não encontrar. Comecei a ficar nervoso e ao mesmo tempo achar tudo aquilo estranho. Lentamente fui perdendo a noção de tempo e sentindo a cabeça rodar. Em seguida tudo escureceu mais uma vez. Acordei com minha mãe me chamando informando que era hora de ir para o trabalho e que eu havia dormido muito.

 

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 27/08/2023
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