Foto By Sandra Laurita
A cura (BVIW)
No consultório, sem muito interesse, Helô ouvia as recomendações médicas:
– A senhora entendeu, dona Helô? Preciso que a senhora corte da sua dieta os doces. Seu diabetes está gritando.
Helô acenou com a cabeça e desolada, saiu do consultório com mais uma receita de remédios.
Desde que descobrira a doença, essa era a sua rotina: médicos e mais médicos lhe dizendo o que podia ou não fazer. “Ora, você precisa mesmo é se apaixonar” foi o que ouviu da sua irmã mais nova.
– A paixão, Helô, é o verdadeiro doce da vida. Apaixone-se e assim açúcar nenhum te fará falta.
Deu uma risadinha com o canto da boca: “Imagina só, nesta altura da minha vida, me apaixonar, só mesmo Tânia para vir com essa”...
Resolveu parar na cafeteria da esquina. Iria se despedir de algumas guloseimas e amanhã pensaria na dieta. Buscou uma mesa no canto da janela e mergulhou em seu mundo. De repente, uma voz familiar a trouxe de volta à realidade.
– Posso dividir a mesa com você?
Seu coração disparou, sua face enrubesceu e sentiu um frio na barriga. Era ele, Jorge, a grande paixão da sua adolescência, ali, na sua frente, e com um sorriso adorável e sedutor.
– Jorge!
– Lembra de mim, Helô?
– Sim, nunca esqueci.
A menina do balcão gritou:
– Dona Helô, e para senhora, o de sempre?
– Não, uma água com gás e um café sem açúcar.
Parece que desta vez Tânia tinha razão.
Sandra Laurita
*Tema proposto: O doce da vida (Conto)
*BVIW: Becoming Very Important Writer (Tornando-se um escritor muito importante)