Mineirinho no ônibus

Na década de setenta o limite de passageiros para viajar nos ônibus era enquanto coubesse um pé e a metade do corpo dentro da condução, enquanto coubesse alguém sentado nas poltronas,no braço das poltronas, no lastro do carro ou em pé,mais passageiros entravam. Não era proibido fumar em recintos públicos ou no interior de transportes coletivos, assim, viajava-se sentido o cheiro de corpos mal lavados, cigarro com filtros e roleiro, o famoso porronca de fumo in natura, queimados por fumantes ativos, dentro do ônibus.

Durante os 170 quilômetros de chão entre as cidades mineiras de São Francisco e Montes Claros, embora viajando enlatados como sardinha, os ônibus não deixavam passageiros na estrada, até porque, só passaria outro no dia seguinte.

Numa daquelas viagens, passando pela Vila do Morro, entrou um casal de velhinhos, que se sentou no lastro, lá no fundo do ônibus. O cobrador emitia as passagens, durante a viagem, apesar dos solavancos provocados pela trepidação. Também era comum, pedir várias vezes a um mesmo passageiro a exibição do comprovante de pagamento da passagem. Era tanta gente que o cobrador não conseguir lembrar se já havia recebido a passagem, deste, ou daquele. Dirigindo-se ao final do veículo o cobrador indaga aos velhinhos:

- Cadê a passagem?

- Aquele papilim que você deu pra nóis?

-Sim.

-Aquele nois pintemo.