Barranco de Junco - BVIW
Era uma casa de massa de sapé fincada num barranco de junco, com janela feita de palha de açaí e o telhado de licuri. O chão era de barro vermelho, e as camas mais os bancos foram entalhados de um pé de jaca caído. Tudo bem rústico, simples e natural. Os copos da casa e os pratos eram em forma de cuia, frutos da cabaça do mato. Na casa de seu Quaresma, a porquinha rosinha deitava e rolava. E os patinhos, quinzinho e derivaldo, achavam-se gente, todos os dias vinham fazendo a maior algazarra em busca de comida. Dona Charlote, a companheira de seu Quaresma, ria muito com toda aquela dinâmica. Já estavam cansados da labuta do dia a dia. Criaram cinco filhos e como semente de dente-de-leão foram espalhando-se nesse Brasil de meu Deus. Dois doutores, uma enfermeira, um contador e um vagueia em busca de liberdade. Vagabundo! Em um dia cinzento, os raios de sol não apareceram, mas o aguaceiro de madrugada arrastou o barraco e com ele, a vida de Charlote. Seu Quaresma tinha ido pescar, pelo jeito ficou por lá, pois o rio Paraguaçu transbordou. Reza a lenda, que em noite enluarada, bem de madrugada, no fim da rua, onde ficava a casa, o barranco de junco ganha vida.