A CASA DA ESQUINA BVIW
Moro numa casa de esquina numa rua sem asfalto de uma cidadezinha sem graça, dessas de vida besta. Fazer o quê, eu nasci aqui, vivo aqui e pelo jeito vou morrer aqui e serei enterrada no túmulo da família. Mas, continuando: um dia voltava eu para casa, e não sei porque cargas d’agua me sentia feliz e transbordava de esperança - na base do verde que te quero verde - saltei do carro, olhei para minha casa, então, disse pra ela: olá senhora dona casa quer compartilhar da minha alegria, da minha felicidade, da minha esperança? E como casa não respondeu, resolvi, à sua revelia, pintá-la de verde para que ela ostentasse o meu estado de espírito. Dito e feito. Mas sabe como é, alegria de pobre dura pouco e no outro dia lá se foi a alegria, felicidade, esperança e a senhora dona casa passou a representar um acinte ao meu novo estado de espírito - a esta altura, macambúzio – foi quando chegou a hora da danação e a minha vontade foi virar uma pichadora e na calada da noite sair rabiscando suas paredes com alguns palavrões bem fora do meu linguajar só para ter o prazer de me de me sentir tão vulgar como qualquer uma reles mortal. Dessas fêmeas que reclamam, sofrem por qualquer coisa, inclusive por amor, que é capaz de apelar para o seu lado masculino e encher a cara no primeiro boteco que avistar e de gastar todas as suas fichas numa máquina jukbox só para ouvir Roberto Carlos mandar tudo pro inferno.
A