A Escavação. (Os 72 Demônios. I)
A Escavação. (Os 72 Demônios. I)
Bom dia.
Nas minhas andanças pelo mundo, enfiado em pergaminhos e lugares com um certo ar de misticismo, deparo-me com algo conhecido por muitos nas matinês televisionadas, a uns poucos, que, ao ouvir, por osmose, relata em cada esquina, mas, com certeza, por uma minoria bem seleta ao assunto. Os nomes que serão citados aqui, não saberei ao certo a real verdade, nem mesmo sei se tem verdade no devido acontecimento.
Eu estava numa escavação em Nequev-Israel, o calor do deserto tende a criar imagem/miragens à nos confundir com o real. A água escassa era um tormento, mas, estava empolgado, era a minha escavação de número setenta e duas em dois anos. Entre uma parada e outra, sentei-me numa pequena elevação ao sul da mesma, admirando estrelas, os animais notívagos a perambular na flor da areia, e, um pensamento sobre antigas/recentes perdas.
Com a mente perdida, entre achados humanos, algo chamou minha atenção, a claridade do luar dava-me a impressão de focar um ponto em si naquela noite em que eu nem sequer estava pensando no trabalho, a luz apontava uma parte ainda intocada por nós, resolvi ir até lá, até, mesmo para ter certeza de não ser miragem.
Chegando ao local, de fato, era mais clara a projeção do brilho, vasculhando com o olhar de uma lince, varri todo terreno minuciosamente sem perder um centímetro que fosse. Foi quando avistei um pouco ao norte do lugar entre uma rocha e outra, o que parecia ser uma porta, fiquei a pensar.
- O que fazer?
Resolvi nada fazer naquele dia, até, conversar com os outros. Raiou o dia, no desjejum relatei o ocorrido e fomos até lá para encontrar de fato o layout descrito por mim, mas, o que parecia à noite ser uma porta, era a forma da rocha, que, vista de uma certa posição, dava a entender ser uma. Voltamos ao trabalho, rimos das loucuras que o deserto aplica em nós, mas, não saia da mente o acontecido. Chegou a noite, sentei no mesmo ponto, a luz refletia de novo o ponto, fui até lá, a mesma cena sem tirar nem pôr, porém, mudei minha posição para confirmar o estado do dia, foi ai que tive a surpresa, em qualquer posição vista, era uma porta.
Nela tinha um sigilo Goetia, com uma tonalidade vermelha, em alguns pontos, cobre, em outros, prata, e uma escrita:
- Tah-sa fu-bim And-ro-mal-ee-us on ka.
Ao ler identifiquei estar relacionada com Adromalius, o último dos setenta e dois demônios descrito na chave menor de Salomão. Quando li a inscrição, não sabia estar evocando-o, que, na verdade, era um mantra de de evocação. A porta se abriu, afastei-me sobressaltado, e, um ser apareceu. Era um homem alto segurando em suas mãos uma serpente, aos pés dele, água deslizava suavemente.
Curiosidade misturava-se com temor, ele se aproximou falando uma língua extinta a milênios, mas, de alguma forma, se fazia entender. Ouvi então um grito gutural como se alguem estivesse sendo torturado, sai correndo em direção ao grito, para ver, um dos colaboradores esticados na cama com os olhos arregalados, as pontas dos dedos retorcidos, e, um pavor indescritível na face. Na beira da cama, certos objetos que teriam sido perdido durante toda estada, inclusive, um relógio dado por uma pessoa amiga que conheci em Sampa, mas, que hoje só as lembranças são trazidas a tona pela distância que matou o sentir.
Voltei ao local de origem, e, nada mais vi. O dia chegou, retornei ao local para certificar a porta, porém, nada havia ali, com exceção de uma rachadura na rocha. Sem demônio, sem entrada, fica o pensar:
- Eu o evoquei, libertei-o de sua prisão, contudo, este ser é realmente mal? ou, nós, por darmos tanto ibope para os criminosos, deturpamos a imagem destes que puni com frieza ladrões e pessoas maldosas, quando na verdade era para nós fazermos este trabalho.
Bem, de volta a rotina, achei um incenso de sangue de dragão, nela a seguinte inscrição:
Aqui esta escravizado um conde demoníaco regido por Marte, conhece a essência dos humanos em suas perversidades/abominações para em segredo puni-las rigorosamente.
Rei Salomão.
Um pouco mais a frente, achamos uma urna contendo algumas joias...
Texto: A Escavação. (Os 72 Demônios.)
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 05/08/2023 às 09:36