Auto Refúgio

Era Guilherme, um caminhante solitário pelas vielas da existência, trazendo no peito um coração inquieto e na alma um enigma de perguntas sem respostas. Em meio à multidão que fervilha, sentia-se um estrangeiro, observando o mundo como se estivesse atrás de um vidro translúcido. A solidão, no entanto, não o amedrontava; antes, era sua companheira silenciosa, e Guilherme, em seu íntimo, reconhecia nela uma amiga verdadeira.

Nas noites estreladas, ele se permitia adentrar os mistérios celestiais, desbravando um oceano infinito de astros que sussurravam segredos cósmicos em seu ouvido. Nos momentos solitários, encontrava o sossego para perder-se em seus próprios pensamentos, e ali, na quietude, encontrava a plenitude. Poeta de si mesmo, Guilherme escrevia versos que brotavam da imensidão de seu ser e pintava quadros que refletiam a alma colorida que carregava em seu íntimo.

Os dias corriam como o rio que segue seu curso, e mesmo em meio à multidão, Guilherme nunca se sentia só. Encontrava conforto nas páginas dos livros, que o transportavam para outras dimensões, e nas melodias que o envolviam como uma brisa suave. A solidão não era um muro que o isolava, mas sim uma porta que o conduzia a si mesmo e ao mundo em sua volta.

Sentado sob a sombra amiga de uma árvore, Guilherme meditava sobre sua jornada de ser e estar só. A solidão, em sua essência, não era um castigo, mas sim um refúgio seguro, onde as inquietudes eram ouvidas e os pensamentos podiam alçar voos para além das fronteiras do tempo. O aprendizado se espraiava como raios de sol no horizonte, e Guilherme, como bom aprendiz da vida, sabia que na quietude se encontram os mais belos segredos do ser.

E assim, continuou a percorrer sua caminhada com gratidão e serenidade, em busca do auto refúgio que se estendia em suas entranhas. Ele descobriu que a solidão, longe de ser uma sentença de isolamento, era um tesouro inesgotável de autodescoberta. Cada passo, cada palavra escrita, cada traço de pincel, tudo colaborava para que ele se encontrasse, pleno de si mesmo.

Em sua viagem interior, Guilherme se revelou como um amigo que nunca o abandona, como um confidente sempre presente. Abraçou a solidão com os braços de um amante, encontrando, na intimidade consigo mesmo, o equilíbrio que tanto buscava. E, assim, na dança harmoniosa da vida, Guilherme encontrou o mais belo refúgio, aquele que se constrói no coração do ser.

A vida é um labirinto de encontros e desencontros, e é nas dobras de nossa própria jornada que descobrimos o brilho único de nossa alma.

Bernardo Reis
Enviado por Bernardo Reis em 01/08/2023
Código do texto: T7851102
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