CAMINHANDO NO FIM DO MUNDO
-Sabe jonathan. Eu queria ver a torre eiffel. Ir para paris. Dizem que é muito lindo as coisas que podem se ver por lá. Iremos um dia para paris?
-Quem sabe um dia.
-Soube que há um doce chamado macaron. É um doce típico da cultura francesa, e tem cursos próprios apenas para aprender a fazê-lo.
-Huuum.
-É um doce todo colorido e parece muito saboroso. - Jéssica faz uma pausa. Ponderando – Será que ainda existem macarons?
-Talvez. Em algum lugar …
-Tem aquela coisa que acerca os franceses. Aquele rumor que eles não tomam banho e não usam desodorantes. Dizem que eles passam perfume para disfarça o cheiro do dia a dia.
-Será que os franceses choram no banho? Quando o time deles perdem em campo?
-Quem sabe. - Diz jéssica.
Os dois andarilhos param por um momento para observar uma casa no meio da floresta densa que se encontravam.
-Você está vendo o que eu tô vendo? - Pergunta jéssica. Ela olha para seu parceiro que mantinha sempre um semblante sério no olhar. Um dia jéssica dissera que jonathan tinha uma cara de bunda e ele não gostara. Intensificando ainda mais o semblante de bunda de jonathan. - Tem a porra de uma casa ali. No meio do nada.
-Parece promissor.
-Vamos dar uma olhada?
Os dois andarilhos se aproximam do portão da casa, que parecia mais um cenário louco onde um assassino insano moraria. Era uma casa vitoriana do século dezenove caindo aos pedaços. A calha parecia podre e a madeira cheirava a repolho cozido.
-Será que está aberto? - jéssica checa sua teoria, abrindo o portão. - Voilàr!! Tão fácil quanto tirar dinheiro de idoso.
Jéssica faz um gesto para que jonathan atravesse.
-Primeiro as damas. - Diz para jonathan.
Que atravessa sem dizer uma palavra. Jéssica faz uma careta no processo.
Os dois andarilhos checam a entrada da casa que parecia tudo o.k. Olham o quintal e veem um cenário um tanto artístico.
-Porque tem uma privada no meio do quintal?
-Talvez os antigos donos fossem hipsters.
-Isso explica a plantação de maconha ali no canto. - Jéssica aponta para o haxixe verde florescido na terra. - O que você acha? De queimamos um verdinho aqui?
-Como vamos queimar um verdinho se não tem seda e nem nada do tipo para rolar o baseado. Além do mais, nem temos fogo.
-Tenho isso aqui. - Jéssica revira sua mochila e tira um pedaço de saco de pão. - Podemos tentar com isso.
Os dois andarilhos após explorarem o quintal, checam a porta dos fundo. Ao pisar no piso de madeira podia-se ouvir os estalos, “creck, creck, creck”, enquanto subiam os degraus.
Primeiro fizeram o procedimento padrão. Que consistia em abrir parcialmente a porta e depois bater na parede para fazer barulho. Assim os mortos ouviriam e se revelariam aos montes, e então ambos decidiriam se davam conta ou não do recado.
-Não parece haver amiguinhos por aqui. - Diz jéssica. - Vamos dar uma olhada mais atenta.
Sacando sua faca, jéssica é a primeira entrar na cozinha vitoriana que cheirava a cocô de rato e bosta seca no asfalto. Os lustres velhos se mantinham por um fio sobre o teto podre e mofado pelo tempo. Havia pratos quebrados pelo chão, portas de armários abertas.
Um cenário típico de fim de mundo. Jonathan suspira por conta do cheiro velho da casa. E com seu machadinho, entra em ação atrás de jéssica.
-Eu checo o térreo e você dá uma olhada lá encima. - Comanda jéssica para jonathan. - Qualquer coisa é só gritar que nem uma garotinha.
-Hahahaha. - Responde jonathan com seu belo semblante de bunda.
Os dois se separam. Jéssica indo para direita em direção à biblioteca e jonathan seguindo para o hall da casa. Onde tinha as escadas para o segundo andar. Eles passam um belo tempo revirando a casa em busca de algum sacana comedor de cérebro. Mas no fim não havia ninguém por ali.
Os dois se sentaram em uma cadeira velha na cozinha, caindo aos pedaços. Jonathan até mesmo desmoronou junto a cadeira na sua primeira tentativa de descanso, que fizera jéssica rir de sua cara por uma eternidade. Como resposta, jonathan faz o gesto do dedo do meio para jéssica que contribui com mais risos e gargalhadas. O semblante de bunda de jonathan se tornava ainda mais visível no momento.
-E então, vamos queimar um verdinho?
-Está escurecendo, é melhor asseguramos o local. - Sugere jonathan. - Além do mais, minha bunda está doendo aos montes.
Após um longo período de fortificação das portas e o encobrimento de janelas com cobertores. Os dois param na cozinha novamente. Já era noite naquela hora, e as estrelas brilhavam no mais alto oceano cósmico, como diria carl sagan.
Jonathan revirando a cozinha encontra um vinho de 22 anos.
-Olha essa merda. - Jonathan abre o vinho tinto que na embalagem dizia, “suave”. - Já faz mais de dez anos que não sinto esse cheiro.
-WoW. Isso é real?
-Acho que sim.
Jonathan leva o vinho a boca e dá um longo gole, e em seguida passa para jéssica que faz o mesmo. Os dois ficam por ali, bebendo e conversando enquanto a noite passa. Os dois embebedados pelo álcool, começam a brincar de mímica no centro da cozinha.
Jonathan imitava algo que parecia uma girafa.
-Isso é um … Uma GALINHA!
-Não é uma galinha, é uma girafa porra. Já faz mais de uma eternidade que você tenta acertar.
-Tá legal. Vai o próximo.
Enquanto jonathan demonstrava novamente suas habilidades em mímica. O lustre quase solto no teto da cozinha despencava aos poucos a cada segundo que passava, e jonathan se encontrava bem na direção do objeto que outrora servia para iluminar e dar um ar chique a casa vitoriana.
-Já sei! Isso é uma câmera.
-Não cara. - Responde jonathan. - É uma vara de pescar! Você é péssima na nisto.
-Vai se foder. - Quando jéssica termina de pronunciar o xingamento, as gotas de sangue fresco espirram na sua cara em cheio seguido de um grande baque.
O braço de jonathan estava quase do outro lado da cozinha, seu rosto deformado pelo impacto, e uma grande poça de sangue se estendia à sua volta.
-QUE PORRA É ESSA.
Sem muito acreditar, jéssica caí de bunda no piso de madeira da cozinha. Olhando para o corpo que outrora foi seu amigo um dia. O lustre se encontrava por cima de jonathan, salpicado de sangue em verdadeiro tom rubra.
Não demorou muito tempo para que o corpo de jonathan fosse reanimado e voltasse como um sacana devorador de carne. Ele se mexia de um lado para o outro em busca de se libertar. Mas o lustre estava bem firme em seu interior.
-Desculpa, desculpa, desculpa, desculpa, desculpa, desculpa … Desculpa. - Fala jéssica aos prantos para jonathan zumbificado. Que rugia e mexia seu braço decepado de um lado para o outro.
Levantando aos poucos. Jéssica saca sua faca e se aproxima de jonathan.
-Desculpa. - Diz em choro. - Você ainda continua com cara de bunda mesmo depois de morto. Sinto muito jonathan Por essa merda ao acaso do destino.
Em seguida desfere um golpe letal que atravessa o lobolo frontal de jonathan que faz um baralho parecido com um peido molhado.
-Merda!!
Jéssica se agacha em estado de choque por causa do ocorrido e após uma choradeira, escuta um baralho fino e repetitivo ao lado do lustre. O barulho parecia um grunhido de um inseto. E ao olhar o que era, jéssica se depara com um rato debilitado no chão, com seus grandes dentões saltando para fora.
Lá estava o assassino de jonathan. No fim, realmente a casa parecia um cenário de moradia de um assassino insano.