ACABOU, MARIA? BVIW

 

Dia desses me imaginei caminhando por um bosque encantado, que de encantado não tinha nada e enquanto caminhava e jogava umas pedrinhas para o alto, a  Maria que vive dentro de mim me dizia: O meu caminhar é um caminhar sem volta, solitário, voltado  para dentro de mim,  a cada passo que dou vou descobrindo sentimentos; se em algum momento tristeza sinto ou frustrações reconheço, culpo-me . E o quanto brigo comigo! Assim, vou seguindo a estrada da vida sem atropelar  ninguém, e mesmo nesta estrada não havendo nenhuma sinalização ando devagar, ziguezagueando por vezes; não levo nada nas mãos, não tenho pressa, se canso paro, depois do descanso prossigo;  não tenho horizonte, não tenho ponto de chegada, nem a poeira nem o suor do meu rosto me atrapalham, não tenho ninguém a minha espera, não sei nem  o que me aguarda na próxima curva. E se não percebo o dia passar, pouco importa que a semana voe, o mês  acabe e que o ano finde. Continuo eu.

Nesse ponto  Maria ficou calada, ai eu indaguei: Acabou com o seu mimimi, Maria? Ela respondeu: sim. Então, eu disse: vai dormir, Maria, vai... E ela foi, mas nem deu boa noite.

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 25/07/2023
Reeditado em 25/07/2023
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