ACABOU, MARIA? BVIW
Dia desses me imaginei caminhando por um bosque encantado, que de encantado não tinha nada e enquanto caminhava e jogava umas pedrinhas para o alto, a Maria que vive dentro de mim me dizia: O meu caminhar é um caminhar sem volta, solitário, voltado para dentro de mim, a cada passo que dou vou descobrindo sentimentos; se em algum momento tristeza sinto ou frustrações reconheço, culpo-me . E o quanto brigo comigo! Assim, vou seguindo a estrada da vida sem atropelar ninguém, e mesmo nesta estrada não havendo nenhuma sinalização ando devagar, ziguezagueando por vezes; não levo nada nas mãos, não tenho pressa, se canso paro, depois do descanso prossigo; não tenho horizonte, não tenho ponto de chegada, nem a poeira nem o suor do meu rosto me atrapalham, não tenho ninguém a minha espera, não sei nem o que me aguarda na próxima curva. E se não percebo o dia passar, pouco importa que a semana voe, o mês acabe e que o ano finde. Continuo eu.
Nesse ponto Maria ficou calada, ai eu indaguei: Acabou com o seu mimimi, Maria? Ela respondeu: sim. Então, eu disse: vai dormir, Maria, vai... E ela foi, mas nem deu boa noite.