Eu Escolhi...
Eu Escolhi...
"Em meio a criação do homo-sapiens, deus lhes deu uma alma com cincos diferentes níveis. Dentre estes cincos níveis, sete componentes foram adicionados, e, endossado com três faculdades."
Bem, me chamo Rocha, sou arqueólogo, e, vou-lhes contar um dos inúmeros achados, e, seu desfecho.
Era Julho de "23, estávamos no limite entre o arquipélago de Trindade, e, Martin Vaz. Era uma noite chuvosa, da qual nunca virá em escavações anteriores, excerto, quando foi descoberto a Infinita Amizade. Estávamos cansados, sujos de lama, foi ai quê...
- Vamos parar por hoje. Amanhã se o tempo estiver bom, damos continuidade.
Todos soltaram um suspiro de alívio, seguindo de sorrisos. Cada um foi se ajeitar conforme sua necessidade, eu, fiquei sentado numa pedra à beira do acampamento, olhando a água varrer cada centímetro do sítio, em determinados lugares, formam-se pequenas cascatas perfurando o solo frágil de areia e barro. Apesar de chuvosa, a noite estava radiante, suas nuvens fechavam totalmente o céu, deixava entre uma e outra uma fresta, de onde podia-se notar a claridade do luar.
As noites neste ponto do hemisfério, quase sempre esta assim, porém, neste dia exatamente, o quê estava me intrigando era essa fresta, que, clareava um determinado ponto da escavação desde descoberta.
- Então, não vai se acomodar? Saia da chuva se não vai gripar.
Eu sorri, olhando para ela, e, disse:
- Com certeza não tenho como ficar gripado. Gosto da chuva, se acompanhada do vento, ai, me esbaldo.
- É, falo por falar, pois, já vi esse filme, e, devo concordar. rsrsrs.
- E você, porque não esta dormindo?
- Pois é, deitei, mas, não consegui, vi sua lamparina, estão, resolvi fazer-te companhia.
- Seja bem vinda então.
- Rocha. Não viu nada fora do normal?
- Depende...
- Tá, ok. Percebo que tem a mesma opinião. Esse raio do luar, refletindo sobre aquele ponto em questão, não é curioso?
- Hum! Hum! Não digo só curioso, tem algo a mais ali. Ha cinco dias, a chuva não cessou em nenhum momento sequer, o raio não mudou, as nuvens trocaram de lugar, porém, não nesse ponto exatamente.
Ela sentou do meu lado, deitou sua cabeça em meu ombro, seus cabelos loiros se acomodavam em mim. Aquela mulher exalava um perfume inigualável, tinha em seus olhos castanhos a curiosidade vista apenas nos arqueólogos de natureza. Eu a conheci numa matéria sobre a escavação Egípcia, não deixava o professor respirar com perguntas sobre perguntas, enquanto perguntava, eu fitava meus olhos em seus lábios a serem descobertos. Estava tão afoita à descobrir, quanto a mim, apesar das diferenças pelas linhas paralelas do nosso globo, dos modelos familiares constituídas no lar, sentíamos um movimento simultâneo entre o gostar, e o, desejar.
- Amanhã com chuva ou não, vou escavar o ponto.
- Vou estar com você.
Gostava de sua dedicação, gostava de sua decisão, gostava dela como todo.
- Vamos dormir.
- Vamos.
- Boa noite.
- Boa...
Fiquei em pé esperando ela entrar, seu andar era mistério a decifrar, ela olhou para trás acenou, e, entrou. Eu acenei de volta, entrei, sentando na escrivaninha, começei a vasculhar diários, papiros, anotações, nada revelava tal incidente, nada descrevia tal ponto, nada dava um caminho a seguir. Passei a noite em claro, cançado sem êxito, vi o dia me cortejar, contudo, a chuva não dava trégua.
- Bom dia. Eu não acredito, não dormiu...
- Você me conhece...
- É, conheço! Vamos lá, os outros já estão em prontidão esperando nossas diretrizes.
- OK. Vamos lá. Deixa só jogar uma água na cara.
Ela riu...
- Ora. Com a chuva que esta caindo, não será só o rosto que vai se banhar. kkkkkk.
Parei um pouco, e, ri junto. Descemos as escadarias que conduzia ao bendito ponto, falando com nossos colaboradores, direcionando cada um a sua função, chamei-a para começarmos a matar a curiosidade. Na primeira fincada da pá contra a areia, algo se fez ouvir.
- Você ouviu?
- Ouvi!
- Então, devemos continuar?
- O que acha? Já que estamos aqui. Continuaremos.
A cada fincada um som era ouvido, o interessante era que esses sons seguia uma natureza. Nas primeiras fincadas, cincos sons foram registrados, em seguida, outras sete foram registradas, e, por último três finalizaram no exato momento em que descobrimos uma pedra num formato indivisível.
- Olha. Vamos limpar as bordas devagar.
Todos pararam o que estavam fazendo, tantos olhos sobre tal achado era iminente. Após, limpo tal pedra, removendo a lama, colocamos um toldo para a chuva não impedir, fizemos uma barreira de perdas e sacos de areia para criar uma barragem ao redor. Sentamos frente a pedra para avalizar, na mesma, continha uma escrita de origem Hebraica, onde cincos símbolos eram nítidos, formando um cone, contornando tal imagem, setes selos estavam grafados a volta, e, três, estavam visivelmente em cada ponta deste cone.
- Rocha. Consegue decifrar?
- Não! Terei que apelar para os livros de origem Hebraica, com certeza vamos achar, se não, o significado real, algo que nos deixe bem próximo.
- Eu fiz um curso de extensão na faculdade, talvez eu tenha êxito.
- Então garota, é todo seu, enquanto, vou dar uma lida, qualquer descoberta me grita.
- Pode deixar.
Sai em direção a minha barraca, peguei alguns livros antigos e começei a explorar. Nossa curiosidade era tanta, que, curiosamente não percebemos a chuva cessada, quando ouvi meu nome.
- Roochaaa.
Sai em disparada para o local, ela estava eufórica, ao mesmo tempo, seus olhos estavam indecisos quanto a descoberta. Uma mistura de receio com respeito, sem saber exatamente o quê, e, como dizer...
- O que houve? Descobriu...
Ela me abraçou como se procurasse um abrigo, uma segurança protetora, que, ela sempre dizia obter comigo.
- Que foi garota? Viu fantasma!
- Aachooo que de certa forma.
Peguei um copo com água para ela beber, esperei ela respirar, estava ofegante como se tivesse corrido a Corrida de São Silvestre. Segurei-a pelos braços, à pus sentada, agachei-me juntos à ela, e, falei:
- Relaxa, o que descobriu?
- Rocha. Estudando os símbolos na ordem descrita, achei a seguinte inscrição. Todas relacionadas a alma, e o, ser. Nas cincos em forma de cone, são os seguintes nomes.
Nefesh, Ruach, Neshamá, Chaiá, e, Yechidá.
Nos setes símbolos em volta, estão as seguintes inscrições:
A Animação, A Sensação, A Arte, A Virtude, A Tranquilidade, O Ingresso, e, A Contemplação.
Por último, os três significa:
A faculdade de conhecer, de gozar, ou, sofrer, e, da livre escolha.
- Ok. Você é retada. Fala algo sobre abrir? Algum tipo de aviso? O quê fare......
- Você me ouviu?
- Sim! E,.
- E,. Você não escutou. É da alma que se refere, vamos acordar o que esta adormecido. Não sabemos o que vem além.
- Pois é, e, não saberemos se não abrir-mos...
Ela, sempre uma mulher ponderada, sempre refletindo sobre, haja visto que, já peguei ela refletindo em várias noite sobre seu dia, não entendia, mas,...
- Vamos pensar esta noite. Amanhã com o pensamento descansado, sem a euforia do momento, o que decidirmos, faremos.
- Ok. Não vou de contra, por que confio em sua decisão.
Decidimos então nos acampar, sentamos no mesmo local de praxe, levamos horas discutindo sobre os prós, e, os contra. Ela era uma pessoa que respeitava o universo, seus sinais, dizia ter uma atena 5.0, quanto a minha, era, 0.5.
- E, então...
- Rocha. Você percebeu que a chuva cessou.
- Sim!
- Quê horas você percebeu?
- Quando sai da barraca, no seu chamado.
- Pois é, ela tinha cessado no momento que revelamos.
- Não dei conta.
- Agora olhe o céu. Cadê o raio do luar, por que estar sem chover, as nuvens ainda estão a vista, como a fresta antes vista, não esta mais lá?
- Vai saber. Sei que vamos abrir amanhã. Tudo bem?
- Tá. Nada que te diga irá reverter o desfecho.
- Então, vamos nos recolher.
- Posso dormir aqui contigo.
- Claro! Você fica na cama, eu, deito na esteira...
Assim foi feito. A noite foi longa parecia nunca ter fim, revirando pelo chão tive um sonho meio louco. Um cão vindo da extremidade em minha direção, com as presas de fora, ensanguentado, urrando fixamente para mim. Nesse momento, um sopro de vida em movimento tira-me o ar escurecendo meu viver. Perdido nessa escuridão, buscava uma conexão com a fonte, algo superior. Nesta busca perco a força vital apagando a vida transcendental do meu ser. Por fim, perco toda essência única com Deus. Após, todo desfecho, sem qualquer faculdade, eu, sem sentir, vejo-me um nada.
O sonho fora tão real, que, eu podia jurar ter acontecido realmente. Despertei, levantei cauteloso para não acordar a amiga, lavei meu rosto, lavado em suor, sentei, peguei uma cerva, abri, tomei, todos as faculdades ainda residia em mim, escrevi, desenhei, entre outros componentes podia ser feito, e, pensei:
- Ela tem razão, amanhã vou enterrar.
O dia chega, ela acorda meia sonolenta, passa o olho na esteira e não me vê.
- Ele foi sem mim!
Saiu da barraca, avistando-me, veio até mim, dizendo:
- Por que não me chamou?
- Deixei você descansar.
- Encobriu o achado?
- Sim!
- O que houve, ontem estava decidido, hoje muda todo contexto.
- Exato. Nesta noite tive um sonho estranho.
- Foi?
- Foi.
- Ah! Ok. Quero saber.
- Contarei.
Assim, relatando todo acontecido, observando ela parada me olhando, perguntei:
- O que acha?
- Fez a coisa certa. Sabe Rocha. Existem coisas no nosso universo, que, é melhor deixar oculto, coisas, que, devemos adormecer. A alma, é uma forte ligação com Deus, é uma essência única, se por ventura, ou, de alguma forma abalar-mos esta conexão, perderemos parte do ser, senão todo ele...
Depois do sermão, sentamos no local de sempre, vendo a chuva cair torrencialmente, com as nuvens fechando o céu, e, o mais, importante... A fresta e o raio do luar, incidindo no ponto.
Perguntei a mim mesmo.
- O que cria esse fenômeno?
Sem opinião feita, com a garota à meu lado, tenho um flash do que poderia ser...
"Quando perdemos a alma, deixamos de criar uma conexão com o divino, quando rompido, a luz que nos guia é apagada..."
Descrente ou não, escolhi não me perder na escuridão.
Texto: Eu Escolhi...
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 19/07/2023 às 22:05