Dejavu
Abri a porta e um longo corredor se estendeu à minha disposição. Precisei de diminutos passos para atingir uma, não silente e discreta, porta. Coloquei a mão no trinco e a empurrei, de leve, mas ela gritou como uma criança que caiu de uma bicicleta. Adentrei e no mesmo átimo a soltei, e, ela imperiosa, bateu violentamente. Aquele som ecoou por todas aquelas escadas, por todos os andares. Ecoou interminavelmente, até parecia que outras trinta portas foram abertas e fechadas ao mesmo tempo. Era a saída de emergência. Um escape para permear no próximo andar, de cima ou de baixo, sem precisar usar o elevador.
Com todo aquele cenário, câmera, ação... A luz do andar das escadas que daria ao andar debaixo, exatamente o 4º, estava acesa, imaginei que alguém teria passado por ali, e virei fazendo menção para subir, obviamente para o 6º, um tanto sugestivo para uma sexta-feira 13. Mais ainda, se fosse uma combinação repetida desse algarismo, propriamente, por três vezes, Six Six Six.
Tentei subir o lance de escadas, mas me deparei com um vácuo atemporal, uma dimensão a parte, onde poderia permear alguns novos planetas, um ponto nostálgico... E eu fui tragada, como um copo de água por um sedento perdido no deserto, fui consumida por inteira, corpo e alma, e aura também, e chakras... Uma espécie de dejavu. Do terror.
Me vi numa casa antiga, qual, naquele momento, aparentava uma espécie de biblioteca, mas que, talvez, num incalculável tempo atrás, já fora tomada por cômodos, habitada por uma gigante família justificando o labirinto de portas. Tantas eram que o medo avançava a cada ranger, insignificante ou não. E tinha almas, vultos, faces vazias, sorrisos gélidos... Demorei a entender, se tratava da lembrança de um sonho. E voltei, como um paraquedista aterrissa no solo, depois de sobrevoar por cânions. Um tanto desconcertada. Abri a porta e me senti perdida, não me recordava como tinha chego ali, avistei o número do andar, não era aquele que eu buscava, fechei a porta e desci. Rumei à porta e ao andar pretendido. E em tempo: à realidade!