A MORTE DAS CASAS

No coração de uma cidade pacata, aninhada entre colinas verdejantes, um bairro silencioso abrigava casas encantadoras. Por entre essas construções que pareciam guardar histórias, algumas permaneciam envoltas em solidão e esquecimento, como se tivessem sido abandonadas até pelos sussurros do vento.

Uma dessas casas era conhecida como Casa da Rua Estreita, um refúgio outrora vibrante no final de uma rua estreita. Hoje, suas paredes amareladas desbotaram, suas janelas estilhaçadas e o jardim selvagem refletiam a negligência que a engolia. A Casa da Rua Estreita carregava consigo a memória de dias de risos e histórias compartilhados pelo Senhor Zé e sua família amorosa. No entanto, quando partiram em busca de novas oportunidades, a casa foi deixada para trás, condenada à solidão.

Ao lado dela, a Casa da rua guria também padecia de um destino semelhante. Suas paredes azuis antes radiantes agora exibiam cicatrizes da passagem implacável do tempo. Juntas, a Casa da Rua Estreita e a Casa da rua guria testemunharam o abandono, suas almas refletindo a tristeza da negligência humana.

A Casa da Rua Estreita e a Casa da Rua Guria pareciam ter uma conexão secreta, compartilhando suas histórias de abandono enquanto eram envolvidas pelo véu da decadência. Durante as noites silenciosas de lua cheia, quando as estrelas brilhavam intensamente, as casas sussurravam uma para a outra, ecoando memórias esquecidas e sonhos interrompidos.

Essas casas abandonadas, em seu leito de desesperança, decidiram que não seriam engolidas pela escuridão do esquecimento. Queriam dançar pela última vez, mesmo que suas estruturas cambaleassem sob o peso do abandono. Assim, elas começaram a chamar a atenção dos moradores da cidade. O ranger das tábuas e o tilintar das janelas vazias ecoavam pela noite, como um lamento final que clamava por um olhar de compaixão.

E assim, os moradores curiosos, com uma mistura de pesar e esperança, se aproximaram das casas abandonadas. Eles testemunharam a fragilidade dessas construções outrora cheias de vida, sentindo um calafrio de melancolia percorrer suas espinhas. Naquele momento, a Casa da Rua Estreita e a Casa da Rua Guria, em um último suspiro de vida, dançaram ao sabor do vento, revelando uma beleza efêmera antes de desaparecerem para sempre.

A notícia se espalhou como um incêndio entre os moradores da cidade, e eles se reuniram para testemunhar a derradeira despedida. Lágrimas foram derramadas em memória das famílias que outrora habitaram aquelas casas. No entanto, em meio à tristeza, algo novo e poderoso nasceu naqueles corações. A cidade decidiu que não permitiria mais que suas casas fossem consumidas pelo esquecimento.

Daquele dia em diante, a cidade cuidou de suas casas com um amor renovado. A Casa da Rua Estreita e a Casa da Rua Guria permaneceram como testemunhas silenciosas dessa transformação, como lembranças tangíveis de que cada casa possui uma história, uma alma que precisa ser acolhida e honrada.

Nunca mais houve casas abandonadas naquela cidade, e um sentimento de renovação pairava no ar. As casas foram ressuscitadas, ganharam vida novamente, pois os moradores aprenderam a olhar para além das paredes desgastadas e a enxergar a importância de cuidar e preservar cada lar.

Naquela cidade, as casas não eram apenas estruturas físicas, mas seres vivos, testemunhas de histórias e abrigos de almas. E assim, elas viveriam para sempre na memória dos moradores, como um lembrete constante de que, mesmo as casas, também têm sua própria jornada de vida e morte.

Nélio Da Costa José
Enviado por Nélio Da Costa José em 16/07/2023
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