Pandora
Naquela segunda-feira, 16 de junho de 2005 , Pandora deu seu último suspiro. Era a Vira Lata que eu alimentava todos os dias na calçada lá de casa. Ela era completamente livre, mas seu olhar denunciava a solidão de uma liberdade infeliz. Foi então que a adotei. Não registrei em cartório, mas a chamei de Pandora. Tudo que ela queria era um afago entre as orelhas e um ossinho para roer.
Boa menina! Crescia tão rápido e corria sem medo. Mas um dia saiu pela estrada e foi atropelada por um carro desgovernado. Da cozinha ouvi seus gritos, sai desesperada. Minha doce Pandora estava com o focinho sangrando e com as patinhas tremendo de tanta dor. Passou dias agonizando, eu tratava os ferimentos e tinha esperança de que sobreviveria. Mas não resistiu e partiu. Eu chorava, devastada e alguém dizia que não precisava daquele luto todo, pois era só um bicho bruto. E daí? Pandora foi uma das maiores alegrias que já conheci na vida.