JONATHAN, NÃO IGNORE SEU AMIGO
DOMINGO, 13:45 DA TARDE. EM ALGUM BAR DE RIBEIRÃO PRETO
O jovem Heitor estava em uma calorosa conversava com o seu amigo displicente Jonathan a respeito do que lera na bíblia de manhã cedo. Heitor fumava um rothmans e bebia uma dose de whisky. Enquanto Jonathan se mantinha em seu guaraná, pois parara de beber por conta de uma promessa que fizera três meses atrás.
O bar se encontrava agitado, bebuns por todos os lados. Conversando, rindo e alguns até se mantinham em pleno silêncio nos seus respectivos cantos. Heitor deu uma golada em seu whisky e uma tragada no seu rothmans. Então começou a falar.
-A bíblia diz que a sabedoria se manifesta livremente pela terra. Diz que ela é um sopro de deus, seu reflexo nas esquinas. Que possui um espírito límpido, não possui matéria e que nada pode sujá-la. - Heitor deu uma golada em seu whisky. Fez-se uma pausa para continuar seu raciocínio e então, prosseguiu. - E como bem sabemos, a sabedoria é o meio que temos para nos livrar dos males desse tenebroso mundo. A sabedoria discerni o certo do errado, o verdadeiro do falso. E a bíblia diz, que a sabedoria é mais bonita que a luz do sol. Luz essa que desaparece ao anoitecer, porém, a sabedoria, se mantém a todo instante.
Jonathan bebeu um pouco do seu guaraná, se perguntando até onde seu amigo filosofo chegaria com essa conversa.
-As vezes fico pensando, divagando na madrugada. Talvez a sabedoria seja o próprio cenário em que vivemos, já que ela é onipresente e se desloca livremente, penetrando em todas as almas presentes. A sabedoria é o conhecimento da natureza e de nossa essência. Chego nessa conclusão, o que acha?
Jonathan não prestara atenção na conversa, olhava para seu doce guaraná.
-Você acreditaria se eu dissesse? - Jonathan fitava seu amigo do outro lado da mesa.
-O quê?
-Que eu negligencie cada uma das suas palavras.
Heitor fez uma careta de decepção.
-Essas foram as palavras mais prestativas que eu dissera em vida e você os negligencia? - Heitor tragou um pouco de seu rothmans.
-Na próxima eu trago um caderninho de anotações. - Disse Jonathan.
-Você é horrível de se conversar. Venha, vamos dar o fora daqui.
Heitor elevou-se de sua cadeira e caminhou até o balcão onde pagou a conta. Jonathan o esperava por fora do bar, olhando as estrelas, fumando um cigarro barato. Ambos se encaminharam para o carro. Heitor deu partida em seu velho fusca deixando fumaça preta por toda a rua.