A SOLIDÃO É A PORTA DA LOUCURA

 

 

Eu me senti só depois que me afastei de Neusa, logo essa criatura tão doce com quem convivi por muitos anos. Éramos como carne e unha, praticamente juntos, na ida ao trabalho, nas aulas do cursinho a noite quando largávamos do expediente diário, principalmente nos finais de semana quando eu ia para sua casa, no mesmo bairro, uma rua depois da minha. Mas eu me tornei só talvez por imposição minha, aquela a quem eu passei a amar, e ainda amo, pode até ter um pouco de culpa, pode não ter entendido o meu olhar diferente, pode não ter percebido as minhas reais intenções e tudo isso me deixou numa dúvida tremenda que não me deu chance de enfrentar aquilo que eu queria. Agora com ela longe de mim me sinto um trapo, algo que foi descartado, que pode ser substituído facilmente.

 

Éramos amigos, muito amigos, parecíamos irmãos por estarmos sempre unidos em tudo, por termos os mesmos gostos, por defendermos um ao outro. Eu vivia sempre na sua casa, ela que me chamava e sempre tinha um argumento. Isso me envaidecia, eu me sentia "dono do pedaço", porém não passava disso. Tinha uma vontade louca de me declarar para minha amiga, mas faltava coragem, aquela amizade de certa forma já era tudo. E ficamos nisso, eu esperando a coragem e ela esperando o que? Eu não sabia.

 

A distância começou a mexer comigo, ficava o tempo todo pensando nela e me matando por dentro. Não conseguia arranjar uma namorada, uma paquera qualquer e olhe que eu tinha condições, apareciam moças, mas eu não me interessava, achava que já estava compromissado e que a qualquer momento tudo poderia ser resolvido, só que nada acontecia e eu ficava na ilusão.

 

A solidão tomou conta de mim e eu não sabia como resolver essa situação. Na minha imaginação eu achava que estava perdendo a noção, perdendo oportunidades de viver uma vida normal sem essa moça. Sem querer alarmar a mim próprio eu estava a beira da loucura e alimentava uma falsa esperança de conseguir um dia o amor dessa amiga que mudou de cidade e agora está longe de mim.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 29/06/2023
Reeditado em 29/06/2023
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