Mamãe-BVIW
Neiva Ribas sofre a duras penas e um pouco da sanidade a perda do filho. Passado um tempo não sabia o que era maior: a dor de não tê-lo ou a de sentir-se a pessoa mais vazia perdida no oco de estar e nada ser.
Uns lhe diziam para fazer tratamento ou dança, Ioga, qualquer coisa que lhe desse chão , razão, paz de viver, mas toda noite quando fechava as cortinas, sentia-se a caminho da porta do céu. Sem poder ir, não abria a porta. No quarto ao lado, Luquinha chorava pela mamadeira que a levava de volta para a cozinha, geladeira e fogão.
E lá murmurava repetidas vezes: você não devia chorar por Leite. Devia chorar pelo seu irmão. - Pelo irmão, irmão, irmão.
Mas o bebê não havia provado de brincadeiras com o irmão, ou de suas roupas, brinquedos e risos. A palavra irmão talvez significasse bico do seio ou da mamadeira. E enquanto o tempo passava em seu primeiro desafio fonético, querendo causar a alegria primeira, tentou chamar-lhe pelo nome todo alegrinho:
- mão-mão! Mão-mão!
E teve o rosto banhado de lágrimas quentes diretamente dos olhos de sua mão-mão.
Marília L Paixão