WILLIAM BROWN
Em bar, numa terça-feira, um sujeito encarava sua bebida no balcão. Parecia que o rapaz estava por lá por uma eternidade. Mas o barman, também dono do bar, sabia muito bem que essa forma do sujeito, demorado de ficar, era imperecível. E sempre as 23:00 da noite, quando o frio soprava. O sujeito levantava da sua cadeira, deixava a nota no balcão e, logo em seguida ia embora sem dizer uma palavra. Mas naquela noite de terça-feira, próximo à primavera, tudo seria diferente. Ele chegara as 16:11 da tarde cruzando a porta de entrada do bar e atravessando todo o salão até chegar ao seu velho e conhecido balcão, onde passava a maior parte de seu tempo, bebendo, conversando e buscando alguma foda. Que sempre lhe era difícil, pois não era atraente o suficiente. Mas em contraste de sua falta de beleza, possui-a um bom papo e sabia ser adorável quando queria.
Aquele sujeito era William Brown. O “Brown” viera de uma homenagem que seu pai fizera para um ator de Hollywood colocando o sobrenome do ator em seu filho. Que detestara, óbvio. Pois teria que viver pela eternidade com o nome de um ator famoso das antigas, em um país em que o sobrenome “Brown” não era tão famoso ou tão pouco conhecido.
Brown ria e bebia, depois pedia mais uma dose e enchia cara. Ninguém sabia o que brown fazia, e esse mistério era motivo de fofoca no bar. Pois toda vez que Brown cruzava o salão, todos o olhavam e dizia: “Lá está o maldito do William Brown, com sua bota de couro, sua jaqueta preta e seu sorriso cínico de novo. O que ele faz afinal? Quem é William Brown?”. Então o outro dizia: “Seu pai era um cara das ruas antigamente, vendia drogas e matava muita gente. Não importa o que William Brown faz, o que importa é que ele é o tipo de homem que não se mexe. Pois ele tem a fama de ser agressivo e ter métodos nada legais com aqueles que cruzam seu caminho”. O outro dizia, um tanto preocupado: “Ele é da máfia?”. Então seu amigo respondia: ”Não se sabe ao certo, e acho melhor nem sabemos a resposta”.
Brown se acomodava em um whisky barato, falava com o Barman sobre a época que estava na lama e como estava sozinho naquela época. Falava como tudo aquilo o havia machucado severamente. Então, com a história concluída, pede mais dos whiskys baratos que aquele velho bar proporcionara. Sua casa, quando se sentia perdido, e se achava nos copos familiares do bar.
Ao meio tempo, um homem de preto com a barba mau feita, entra no estabelecimento. Senta em uma das cadeiras vazia do salão, e chama o Barman, que responde ao chamado fazendo um gesto com a cabeça. O homem pede um conhaque, acende um cigarro e observa atentamente o bar e as pessoas que o estão nele. Como se tivesse à procura de alguém. Os olhares do homem se encontram com o olhar de Brown, que à primeira vista, causa um estranhamento, mas logo os olhares se desviam e ambos voltam aos seus respectivos copos.
Uma mulher bonita, muito branca com lábios exageramente vermelhos, entra no bar. Atravessa o salão e se senta próximo a Brown, que se encontrava bebendo seu copo. Pede uma caipirinha, se vê pelo o reflexo do espelho próximo a ela e arruma seus cabelos pintados de loiro. Pega seu telefone e inicia uma ligação.
-Vocês vão vim quando em? - Dizia a moça. - Eu já estou aqui no bar e ainda não vi vocês. Estou sozinha aqui, venham logo!
A jovem desliga o telefone e aprecia sua bebida com um tom um tanto melancólico. Trazendo o ar de alguém solitário que precisa urgentemente de uma companhia. Brown entende isso e se aproxima da moça.
-Geralmente aqui nesse bar. - Começa Brown. - vejo apenas vagabundos e idiotas. Mas ver anjos é novidade para mim.
-O que você quer? - Diz a jovem em tom cortante.
-Não quero nada que eu já tenha. Meu nome é Brown. Posso pelo menos saber seu nome?
-Não tô afim desse papo agora. - Intervem a moça.
-Pelo visto você é difícil de se conversar. - Diz Brown frustrado. - Vem a um bar à noite com uma maior frieza. Dizer seu nome não mataria ninguém.
Porra, que cara chato. Pensa a moça.
-Meu nome é selene. - Responde por fim. - Está bom pra você?
Brown esboça um grande sorriso e então responde.
-Já é o suficiente para ganhar à noite.
-Você da em cima de qualquer garota desse jeito? - Pergunta Selene com seus enormes lábios.
-Em algumas sim. Mas não estou dando em cima de você, só te achei interessante.
-interessante? - selene faz uma expressão cínica.
-Exato, baby.
Selene e Brown conversam por um tempo. Ambos vão se entendendo, e Brown se oferece para dar uma carona a jovem moça, que aceita um tanto desconfiada. Pois conhecera aquele homem à pouco tempo e suas amigas não vieram ao encontro.
Os dois se levantam, Brown se despede do seu amigo barman e selene mexe em seus cabelos, os dois partem rumo à fora do bar.
Brown aponta para seu carro e conta que ganhara de seu pai quando falecera. Selene faz que sim com a cabeça e os dois entram no carro. Brown ressuscita a caranga e dar partida para a estrada. Ambos conversam no carro.
-Que tipo de som você gosta de ouvir? - Pergunta Brown.
-Qualquer um tá bom para mim. - Diz a moça.
Brown coloca um Rap.
-Esse eu detesto! - Fala a moça em tom de desprezo. - Deixe sem música por favor. Essa noite foi demais para mim.
-Suas amigas te deixaram na mão.
-Eu nem me importo com isso. - Responde a moça descontente.
-Então o que há?
-Nada. Apenas me deixe em casa.
Na frente da estrada, na direção do carro de Brown. Um Ford veloz vinha em sua direção, e tudo que Brown lembrara era de dois faróis vindo antes do impacto que jogara o carro longe da estrada. Um homem tira Brown do carro que agora era só destroços. Selene estava morta, e o hoem o encarava.
-Que porra é essa? - Pergunta Brown atordoado.
-Negócios de família. - Responde o homem.
-Quem é você?
-Sou seu destino. O resultado das ações de seu pai.
-Seu filho da puta! - Fala Brown irritado, e depois olha para Selene. Morta dentro carro, com o rosto destroçado. - Eu vou acabar com Você seu maldito!
-Você não irá fazer nada. Não há nada que possa fazer. - responde o homem.
-Espera. - Diz Brown, se recordando. - Eu lembro de você. Você é o maldito do bar.
-Bela visão garoto, pelo visto você não anda desatento.
-Eu vou acabar com você!
-Repetindo. - Diz o homem. - Não há nada que você possa fazer.
O Homem tira um revolver do bolço do grande casaco que carregava. Destrava a arma e põe fim a vida de brown.
Logo se retira à devastada cena, chega em seu carro e se senta no banco condutor. Tira seu distintivo do compartimento interno do carro e o encara. Tudo está feito afinal.