Trecho do meu livro "chão de areia, teto de estrelas"

Meu avô tinha um pássaro, era um coleiro que ele havia criado desde filhote na gaiola, acho que esse era um dos poucos pecados do meu avô. Quando ele morreu, a esposa dele quiz que eu ficasse com o pássaro, eu o trouxe pra minha casa, coloquei um prego na parede do meu quarto e pendurei a gaiola.

Todos os dias eu acordava com o pássaro cantando, se antes eu ficava deitado horas e horas na cama olhando pro teto no mais completo silêncio, contemplando meu vazio existencial, agora eu observava o pássaro na parede cantando um Tui -tui que soava triste, pulando de um poleiro para o outro, ansioso, tomando banho na própria água que bebe, sem o mínimo de liberdade, privado de qualquer escolha, e as grandes da gaiola tiram todo sentido de suas asas...