Geovana Vaz - Lágrimas de Rancor
Clara estava cansada, já não aguentava mais aquilo, tinha dois filhos, trabalha incansavelmente, vivia com insônia e nada, nem um real.
Bernadete, sua mãe, vivia sozinha em casa, seu marido já se fora por diabetes, não havia ninguém lá, seu outro filho também não estava com ela, morreu muito jovem após ser eletrocutado, foi horrível, acoitada convivia com o luto.
Num sábado, Clara conseguiu uma folga decidida a confrontar sua mãe pelo que estava fazendo com ela. Tendo a chave, abriu a porta se deparando com sua genitora levemente deitada no sofá assistindo seu programa de fofoca à tarde.
Lá estava ela parada em sua porta a observando, rapidamente Bernadete arrumou para se sentar no sofá, olhava com desprezo para sua única filha que a havia abandonado, ríspida perguntou:
- O que você faz aqui. Sentiu um peso no coração.
- Eu vim cobrar o que você me deve como mãe- cada vez mais tensa, continuou -Tenho dois filhos, cuido deles sozinha e mesmo eu tendo dois empregos os boletos não param e você fica aí, esperando a morte! - Falava aborrecida com suas sobrancelhas indicando.
- Eu estou aqui abandonada e não devo nada a uma filha ingrata?
- Eu não tive minha mãe quando mais precisei de ajuda com os gêmeos?
- Sempre te avisei que aquele Renan não prestava e você não para de mentir, porque eu sempre te ajudei no que podia, mas como você não sabe fazer nada direito, deu nisso.
Cansada de toda aquela humilhação, Clara deu um tapa na cara da velha traiçoeira e foi embora.
Semanas depois, houve um último encontro, ambas de preto, não tinha mais o que discutir, a filha a olhava com desprezo, mas também com culpa.
Em sua casa, pela primeira vez naquele dia chorou, chorou de raiva, acaba de descobrir que sua mãe estava endividada até os dentes, perdendo toda a herança daquela em que guardava seu rancor.