O longo restauro
Para Gideon Argov seis meses foram pesados. O principal motivo foi o de seu casamento com Atena. A jovem e talentosa arqueóloga queria parar com a vida em campo, aceitar trabalhar com pesquisas arqueológicas apenas na academia e viajar pouco. Argov poderia também desacelerar, mas o problema era que ele estava sempre em outros lugares e nunca permanecia muito tempo.
Por isso ele não podia culpa-la de um erro exclusivo dele. Ele respirou fundo ao ouvir Atena. Os dois estavam nus sobre a cama enquanto uma chuva fina caía sobre Milão. Ele pensou em argumentava, mas os dois sabiam que ela dizia a verdade. Tudo que ele pôde fazer foi aceitar beijar sua boca e fazer um último amor como casal.
Depois disso Argov encontrou um antigo casarão no Beco das flores em Paraíso Verde, uma cidade pequena a duas horas de Belo Horizonte, Minas Gerais.
De volta para os trabalhos os trabalhos, Argov foi para a Pinacoteca dos Mestres Antigos em Dresden, Alemanha.
Estava diante de Jesus e Judas na A traição, de Ticiano. A tela estava sobre o cavalete e já estava pronta para o restauro. Argov já não era Gideon Argov e sim o restaurador com mãos ágeis e habilidoso. Com cuidado, e ao som do piano de Bill Evans, ele começou a restaurar a moeda nas mãos de Judas. Era um trabalho que exigia, não só habilidade e perícia, paciência e concentração. Argov não estava mais no estúdio da Pinacoteca. Ele estava em 1516, ano que quadro foi pintado. Quem olhasse para dentro do estúdio tinha a impressão de que Ticiano estava ao seu lado.
Quando a restauração ficou pronta, muitos especialistas da Pinacoteca diziam: “Com certeza, Ticiano guiou suas mãos apenas ele poderia fazer essas pinceladas de restauro”.
Argov queria ter a habilidade de se restaurar como fez com o quadro. Infelizmente, para si próprio, precisaria de mais tempo e muita reflexão...
Wesley Rezende