Trincados e surreais reflexos... BVIW
Nesta manhã chuvosa e fria, Ana observa as gotas d’água deslizarem no vidro da janela da sala e depois caminha em direção a antiga, escada de madeira, devagar ela sobe um a um os 21 degraus até chegar ao sótão. O cômodo têm poucos móveis, entre eles, uma escrivaninha, um cavalete e uma cadeira azul. Antes de sentar-se vai olhar-se no espelho e acaricia sua moldura, então percebe que o vidro está trincado, como se fosse um mosaico com a forma de um triângulo, até ontem à noite pequena rachadura não existia, o que aconteceu?
A sensação de curiosidade é porque Ana mora sozinha. Enquanto assim pensava, a trinca vai aumentando à sua frente, com se alguém ou algo estivesse, desenhando figuras surreais geométricas, entrelaçadas... Agora, além de curiosa ela senti medo e fica arrepiada, pois a porta do sótão se fecha sozinha.
Em seguida há um silêncio um desassossego, porém ao juntar a chave que caiu no tapete, escuta um som do espelho se quebrando, com cuidado para não pisar nos - cintilantes cacos - se aproxima dele e surpresa vê a pintura de um suave rosto feminino, mas com um olhar vivo, ela reconhece seu autorretrato, mas quando o pintou? E quem o colocou embaixo do espelho no sótão?
. Conto dedicado à Ana Toledo, querida escritora do BVIW.