Brilham no escuro e tudo
- Cê gosta de mim?
- Gosto
- Cê jura
- Agora eu juro
Não parecia convencida, mesmo ele tendo feito uma coisa imperdoável em nome dela, que dali a pouco, quando descobrissem, ia ser que nem quando você sai na chuva e falam que se correr você se molha mais. No fim não adianta, correr ou andar, correr ou andar, a chuva vai atrás, vai atrás. Vai te afogar um pingo por vez.
- E se fosse pra fugir, você fugia? - Ela pergunta
- Sem nem pensar
- E se fosse pra pular, você pulava?
- De uma vezinha. Pulava pulando.
Ele girava calcanhares, ela estava com medo, mas não se arrependiam, não. O que foi feito já foi.
- E agora, leãozinho? O que a gente faz?
- Não sei, não sei - O não sei na voz dela, tropeçava e engasgava e soluçava e...e...
- Você espera eu por minhas meias, espera eu por minhas meias de abacaxi?
Ele não entendeu mas falou que esperava. Pra ela, colocar as meias de abacaxi, era ter um tiquinho assim de controle da coisa, da situação. E as meias eram lindas, lindas, brilham no escuro e tudo.
* Não é um conto inteiro, mas sim uma cena, um pedaço. Quem sabe eu dê a história que falta. Enquanto isso, imaginem o antes e o depois , as circunstâncias...