Guilherme no Fim do Mundo
Restou apenas Guilherme no mundo. Não importa por quê. A sociedade humana acabou e restou apenas ele. A espécie já estava finda, afinal como apenas ele restara, sua subsistência significava apenas a conservação da espécime.
Passara a conversar com sua própria consciência como se fosse dois. Guilherme e a Consciência de Guilherme passavam a habitar o mesmo corpo, metaforicamente é claro. Conservava (ou conservavam) mais consciência assim. Conversavam sem saber quem era um, quem era outro. Mas no final pouco importava. Afinal eram ele mesmo.
- E agora, o quê faremos?
- Bem, nós somos um ser humano. Nosso intuito é de auto preservação mesmo neste momento.
- Certo. Com a escassez absoluta de pessoas, haverá muitas reservas alimentares. Será possível viver dias, semanas, até meses. Precisamos achar um hipermercado, daqueles que vendem itens alimentares e itens domésticos. Neste ambiente será possível ter um fim de vida longo e confortável.
- Pode ser, mas eu prefiro ir para todos os bancos e roubar todo o dinheiro. Ir às joalherias e levar conosco todas as pedras preciosas. Roubar um carro, ir até Brasília e tomar conta do Palácio do Planalto, sentar na cadeira presidencial e me tornar Presidente da República.
- Está louco? Eu sei que está, eu sou você e você sou eu, e na situação que estamos não há mais esperança na vida e só resta a loucura. Mas o que você está propondo não faz sentido. Além de ir contra a sobrevivência que propus, de nada adiantaria. De que adiantam predarias, dinheiro e poder político se não há mais nada neste mundo.
- Eu passei a vida inteira buscando isso e falhei miseravelmente. Agora que a espécie está para acabar, eu preciso aproveitar essa chance. E como você disse, eu sou você e você sou eu. Não fui só eu que aventei nisso.