O CHAPÉU

Ele tinha um chapéu antigo no seu armário. Era um daqueles com aba larga e copa alta, que fazia um som suave quando se soprava nele. Adorava o chapéu, pois tinha sido um presente do seu pai, que já tinha morrido há muito tempo. Dizia que o chapéu era mágico e que podia transformar os seus pensamentos em realidade.

Acreditava nessa história, mas achava difícil controlar os seus pensamentos. Não queria pensar em coisas ruins, ver como as coisas podiam piorar, encontrar problemas e dificuldades, testemunhar eventos trágicos. Também queria lembrar do seu pai, que tinha sido o seu maior exemplo na vida.

Um dia, acordou de manhã e sentiu uma vontade de usar o chapéu. Era uma sensação boa e agradável, que lhe dava confiança e otimismo. Se levantou da cama e foi até o armário. Pegou o chapéu e colocou na cabeça.

Sentiu uma sensação estranha. Era como se estivesse sendo conectado ao chapéu, como se o chapéu fosse parte dele. Ouviu uma voz na sua mente.

- Bom dia, meu filho. Sou eu.

Ele reconheceu a voz na hora. Era o seu pai, que tinha morrido de câncer há cinco anos. Sentiu uma emoção forte e indescritível. Como era possível?

- Pai? É você mesmo? - perguntou, com uma voz emocionada.

- Sim. Sou eu. Estou com saudades.

- Mas... como? Onde você está?

- Eu estou no céu. É um lugar lindo e pacífico. Eu estou bem.

- No céu? Mas... como você pode falar comigo?

- Eu achei um jeito. Eu usei o chapéu. Você sabe, aquele chapéu que eu te dei de presente.

- O chapéu? Mas ele é só um chapéu. Ele não faz nada de especial.

- Na verdade, faz sim. Ele é mágico. Pode transformar os seus pensamentos em realidade.

- Mágico? Isso é incrível. Mas como ele funciona?

- Ele funciona com a sua imaginação. Capta os seus desejos mais profundos e os realiza para você. Ele te faz feliz.

- Feliz? Isso é maravilhoso. Mas como você sabe disso?

- Porque eu sei dos seus sonhos. Sei das suas esperanças, das suas metas, das suas realizações. Sei de tudo o que você quer e vai conseguir.

- Você sabe? Como você sabe?

- Porque eu vejo tudo isso. Eu vejo tudo o que você faz e vai fazer. Eu sou o seu anjo da guarda.

Ele ficou emocionado e impressionado com as palavras do seu pai que dizia ser o seu anjo da guarda. Sentiu uma gratidão imensa e um amor profundo pelo seu pai.

Se aproximou do espelho e olhou.

- Venha cá, meu pai. Venha me ver.

Ele foi em direção ao espelho e viu o seu reflexo.

Mas não era o seu reflexo normal.

Era o seu reflexo de um homem mais feliz.

Ele viu que o seu rosto estava mais iluminado e relaxado. Que os seus olhos brilhavam e sorriam. Os seus cabelos estavam mais bonitos e arrumados. As suas roupas estavam mais elegantes e confortáveis.

Também viu que ao seu lado estava uma mulher linda e radiante. Era a sua esposa, que ele tinha conhecido há dois anos e se casado há um. Ela era a mulher da sua vida. Era inteligente, divertida, carinhosa e fiel. O amava e o apoiava em tudo.

Também viu que atrás dele estavam duas crianças adoráveis e saudáveis. Eram os seus filhos, que tinha tido há um ano e meio. Eram gêmeos, um menino e uma menina. A sua alegria e o seu orgulho. Se pareciam com ele e com a sua esposa. Eles o adoravam e o respeitavam.

Viu que ao redor dele havia um ambiente acolhedor e harmonioso. Era a sua casa, que tinha comprado há seis meses. Uma casa grande e bonita, com um jardim florido e uma piscina cristalina. A sua casa dos sonhos. O seu lar.

Percebeu que o chapéu tinha feito o que o seu pai tinha dito: tinha transformado os seus pensamentos em realidade.

Mas por quê? E como?

Não sabia as respostas.

Só sabia que tinha vivido uma experiência incrível e inesquecível.

Ele tinha falado com o seu pai depois de tanto tempo.

Tinha ouvido as suas palavras de amor, de incentivo, de conselho.

Tinha visto o seu futuro como ele queria que fosse.

Tinha sentido uma felicidade imensa e um amor infinito pelo seu pai, pela sua família, pela sua vida.

Sorriu e abraçou o chapéu com carinho.

Agradeceu ao seu pai e ao chapéu por terem lhe dado essa oportunidade única.

Tirou o chapéu da cabeça e guardou no armário.

Saiu do quarto e foi viver o seu dia.

Foi viver o seu presente.

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