A MULTIPLICAÇÃO

Era uma vez um homem que tinha um dom extraordinário: podia multiplicar qualquer coisa com o poder da mente. Bastava pensar em um número e em um objeto, e logo esse objeto se multiplicava na quantidade desejada. usava esse dom para se divertir e se beneficiar, sem se preocupar com as consequências.

Um dia, resolveu multiplicar a sua própria imagem. Pensou em si mesmo e no número dez. Imediatamente, surgiram dez cópias idênticas dele ao seu redor. Ficou maravilhado com o resultado e começou a conversar com os seus clones.

- Olá, eu sou você! - disse um deles.

- Não, eu sou você! - retrucou outro.

- Não, eu sou você! - insistiu um terceiro.

E assim por diante, até que todos os dez clones afirmaram ser o original. O homem ficou confuso e tentou se distinguir dos demais.

- Esperem, eu sou o verdadeiro! - disse. - Eu sou o que pensou em multiplicar a si mesmo!

- Não, eu sou o que pensou em multiplicar a si mesmo! - disse cada um dos clones.

- Não, eu sou o que pensou em multiplicar a si mesmo! - repetiu cada um dos clones.

O homem percebeu que não havia como provar a sua identidade. Se arrependeu de ter feito aquela multiplicação e quis desfazê-la. Mas não sabia como. Tentou pensar em dividir a si mesmo pelo número dez, mas nada aconteceu. Tentou pensar em subtrair os seus clones, mas também não funcionou. Tentou pensar em somar os seus clones, mas só conseguiu criar mais clones.

Entrou em pânico e saiu correndo da sua casa, seguido pelos seus clones. Eles invadiram as ruas e causaram confusão por onde passavam. As pessoas não entendiam o que estava acontecendo e ficavam assustadas com aquela multidão de homens iguais.

O homem não sabia o que fazer. Só queria voltar a ser único e original. Só queria parar de se multiplicar. Mas não conseguia. Estava preso na sua própria prisão surrealista.

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