A outra descoberta
Ele voltou para Milão. Argov e Atena haviam resolvido voltar para a Itália. Além de ser o lugar onde se concentrava os grandes mestres, Atena recebera uma proposta de trabalho.
Gideon Argov estava em seu estúdio, um prédio de três andares na Via Madonnina no Brera parte do Centro Storico de Milão.
Estava com os braços cruzados uma mão apoiada no cotovelo e os olhos na tela diante dele. Era a sua postura quando analisava um quadro, concentrado.
A tela que ele olhava era uma versão um pouco reduzida de um Monet. Argov comprou do filho de um magnata suíço que recebera como herança, Encontrava- se esquecida entre tantos objetos em um porão da mansão. Seus instintos de restaurador dizia que havia algo de errado. As pinceladas pra começar. Depois de meia hora parado, Argov pegou a lanterna ultravioleta e apagou a luz do estúdio. Era uma técnica muito usada. A lanterna ultravioleta, quando passada sobre a pintura, revelava os pontos onde a houvera retoque. Geralmente uma mancha preta. Quando passou a lanterna todo o quadro ficou negro. Argov acendeu a luz e voltou a admirar o quadro. Por fim tomou uma decisão. Tirou fotos e registrou. Fez ligações e recebeu respostas. Depois preparou a mistura.
Quando removeu todo o “Monet” revelou- se outra pintura. Era um Courbet. Uma série de pesquisas na internet, em livros, museus, bibliotecas e historiadores revelou uma grande surpresa. A pesquisa levou mais algumas semanas.
Fonte de um córrego da montanha de Gustave Courbet fez parte da coleção de Moïse Lévy de Benzion e foi saqueada pelo exército nazista em 1941. A obra e outras coleções saqueadas haviam sido leiloadas por Theodor Fischer, um leiloeiro e negociante de arte suíço que desempenhou um importante papel na segunda guerra com o comércio de obras saqueadas pelos alemães.
Seus instintos estavam certos. Gideon Argov juntou as provas. Depois ligou para a comissão responsável. Entregaria tudo sem envolver a imprensa. Essa parte era como sempre inevitável, ele soube quando o caso tomou os principais veículos de comunicação do mundo. Seu trabalho estava feito e ele se isolou como sempre fazia.
Wesley Rezende
Tela: Fonte de um córrego da montanha ( 1876), Gustave Courbet Museu de Arte de Birmingham