A falsificação quase perfeita
Você é um maldito porco que se acha o grande restaurador. Tipos como o seu posso destruir com um estalar de dedos!
Um erro que muitos cometiam quando não conhecia Gideon Argov era se deixar levar pelas aparências. Um homem baixo de meia idade avançada e cabelos grisalhos. Maurice Pierre era um bilionário francês que não estava acostumado a ser contrariado. E achava que Argov tinha passado dos limites. Ficou a centímetros do restaurador. Tinha um metro e oitenta enquanto Argov tinha um e sessenta e dois.
O restaurador não se deixava intimidar. O curioso era que as pessoas acabavam se intimidando com ele. Apesar de ser baixo, tinha uma postura segura, de gestos econômicos. Parecia que só atacava na hora certa. Além disso, era dotado de uma paciência quase sobrenatural.
O senhor está exaltado, monsieur Pierre. Precisa se acalmar.
Olivia era diretora de uma importante casa de leilões francesa. Assim como muitos conhecia o trabalho de Argov.
O três estavam diante do A captura de Cristo, de Caravaggio. O quadro estava sobre dois cavaletes de carvalho. Maurice Pierre ia começar a gesticular e recomeçar seus insultos quando um olhar frio de Argov o fez calar a boca.
Monsieur Pierre. Não me interessa os documentos que tem em mãos. Se você puder se calar e me ouvir lhe direi o que posso constatar com uma examinada.
Sem esperar resposta, Argov pega uma lupa e uma lanterna e olha a pintura de perto.
Caravaggio tinha uma pintura sombria. Mas essa negritude é bem diferente de uma tela de Caravaggio. Essa daqui não tem a combinação certa. Além disso, a pincelada está diferente, é só observar de mais de perto. Outra coisa, este craquelê não parece antigo. Agora, se acha que estou errado, há uma empresa norte americana especialista em verificações. É caro, mas vale a pena. Com certeza, mademoiselle Olivia tem o contato deles. Agora creio que meu trabalho está encerrado. Com licença.
Pierre Maurice ficou mudou. Olivia conteve um sorriso. Depois foi comprovado pela empresa norte americana que o Caravaggio era mesmo falso.
Wesley Rezende