** O TESTAMENTO DE SEU AGENOR, UM SÁBIO AGRICULTOR **

Disse seu Agenor

tem muita família

se agredindo

se matando

por causa de herança.

Como não quero deixar

minha família litigando

e não dar uma de otário

procurei logo um cartório

para fazer o inventário.

E como é devido

assim ficou distribuido:

Para minha atual mulher

a Juliana

deixo, uma humilde

choupana.

Para minha ex-mulher

Maria da Penha

deixo, um fogão a lenha.

Para meus filhos

começando pelo

mais velho

Francisco Marinheiro

deixo um carneiro.

Para Reginaldo

meu cavalo pintado.

Para João josé

deixo um guiné.

Para Mariazinha

deixo uma galinha.

Para Maria da Cruz

deixo um avestruz.

Para Perivaldo

uma cabeça de gado.

Para Sebastiana

um pé de banana.

Para Rodrigo

um pé de trigo.

Para Maria João

um pé de algodão.

Para Castilho

um pé de milho.

Para Moura

um pé de cenoura.

Para Majú

um pé de cajú.

Para Isabela

um pé de seriguela.

Para Chico Viola

um pé de graviola.

Para Salomão

um pé de mamão.

Para Capixaba

um pé de goiaba

Para Dinarte

um pé de abacate.

Para Feola

um pé de acerola.

Para meus netos

Zé Maria, Tião

Luiza, Gorete

João Maria

Amanda, Ana

e Luzia

deixo um banho

de água fria.

Para meus amigos

também,

alguma coisa deixei.

Para Vicente

um garrafa

de aguardente.

Para Maria do Céu

um rolo de papel.

Para João de barro

uma carteira de cigarro.

Para seu Mariozinho

meu querido vizinho

deixo reservada

um sepultura

ao lado da minha

no cemitério da cidade

como prova de amizade.

Tudo foi previamente

declarado, só espero

que essa gente

cuide bem

do que está

sendo deixado.