Conto de NATAL

Se uma lágrima aos olhos aflorar,

é apenas o mais belo sinal.

O seu coração lindo vai amar,

viver em devoção este NATAL.

Era sempre triste o seu Natal, tinha dois filhos muito queridos que a mimavam em demasia nesta altura do ano, mas faltava sempre qualquer coisa que a não deixava ser feliz.

Quando o seu marido partira para a longa viagem, as ultimas lágrimas de ambos eram de saudade pelo filho que um dia partira, por sentir que seus pais, nunca lhe dariam o que tanto sonhava, uma vida onde as necessidades não existissem.

Tivera uma vida de sacrifícios, para ter sempre a mesa com comida para os filhos e não lhes faltasse nada para seguirem os estudos.

Era feliz, porque hoje tinha orgulho nos seus dois meninos, ambos formados e senhores de boa posição na cidade que habitava.

Mas… Sentia a saudade do azougado Manuel, o seu terceiro filho.

O único netinho que Deus lhe dera, fazia agora em Dezembro 6 anos de vida e era a luz do seu olhar. Este menino fazia-lhe lembrar aquele filho pródigo que se lançara à aventura pelo mundo.

Preparava-se tudo para a grande noite do nascimento de Jesus e seus filhos e noras tentavam encher de alegria a sua pobre casa, não a deixando cuidar de nada, pelo que era à conversa com Lucas, seu neto que tanto amava, que passava o seu tempo.

- Avozinha meu pai já me contou, porque estás sempre triste. Mas nós não te queremos triste.

- Mas querido ao estar ao pé de ti, é uma bênção de Deus e não me sinto triste.

- Eu sei que está triste sim, gostava que o tio Manuel estivesse aqui junto com o tio Luís e meu pai.

- Na verdade gostava. Mas Deus não me quer dar essa Graça.

- Olha avó! Vamos combinar uma coisa.

- Sim querido! O quê?

- Tu dizes que se precisamos de alguma coisa, é só falar com Deus de coração aberto.

- Sim!

- Vamos fazer uma coisa. Como o menino Jesus vai nascer amanhã, ainda é meio bobo por ser bebé, vamos pedir para ELE trazer o tio. Tenho a certeza que ELE nem vai notar que o tio foi mau e faz com que ele venha amanhã para o pé de nós.

A velha senhora agarrou-se a Lucas e os seus olhos encheram-se de lágrimas.

Avozinha diz comigo: Menino Jesus! Faz com que o Manuel venha amanhã cear connosco.

Com a voz embargada pela emoção repetiu as palavras de seu neto.

- Pronto! Vais ver que ELE nos faz a vontade.

- Tenho muita fé meu querido.

- Vamos fazer uma coisa, colocamos mais um lugar na mesa bem perto de ti.

- Isso não meu querido, só podemos colocar lugar à mesa para quem está.

- Mas não tens fé? Podes crer que ele vem e vai estar.

Não lhe foi fácil convencer as noras a colocar mais um prato na mesa, porque aparentemente não conseguia arranjar uma explicação plausível, mas lá conseguiu que lhe fizessem a vontade, a si e ao neto.

Comia-se já o tradicional bacalhau com batatas e couves e por fim viria o peru assado e os doces. Frequentemente o neto e a avó trocavam olhares, nela via-se a ansiedade e nele uma estranha tranquilidade muito confiante e infantil.

Havia muita alegria à mesa seus filhos e noras, queriam proporcionar-lhe toda a felicidade possível, mas apenas seu neto a compreendia.

Trinchava-se já o peru, no velho relógio da sala dava as 22h00, o carrilhão soltava a melodia da Virgem de Fátima, que se confundiu com a campainha da porta. O pai de Lucas levantou-se e foi atender, Lucas levantou-se e foi até ao pé da avó.

- Eu não disse que ELE era bobinho? Ainda não nasceu e já trás o tio.

- Vai sentar meu querido.

- Era apenas um mendigo, mas é estranho, disse que queria falar contigo minha mãe. Mandei-o embora.

- Pai! – Gritou Lucas desesperado. – Mandaste o tio Manuel embora?

A velha senhora levantou-se e caminhou apressada para a porta que abriu com desespero. Ele já ia perto do portão do quintal.

- Manuel vem por amor de Deus.

Nos seus andrajos e aspecto descuidado, encarou a mulher que lhe dera a vida.

- Ainda te lembras de mim querida mãe?

- Vem meu amor… Tens um lugar na mesa à tua espera.

Depois de sentado foi reconhecido pelos irmãos, mas persistia um mistério.

- Mãe como sabia que eu viria?

- Um anjo que está sentado a esta mesa disse que Jesus era um bebé bobinho e ia fazer com que viesses… E estás aqui meu filho.

Lucas encolheu-se ante o olhar de todos e dirigiu-se ao tio a quem beijou, dando-lhe as boas vindas e um FELIZ NATAL em família.

FELIZ NATAL PARA TODOS.

António Zumaia
Enviado por António Zumaia em 13/12/2007
Reeditado em 13/12/2007
Código do texto: T776919