ANJOS TRAIDORES

 

Numa tarde fria e nebulosa, uma casa velha rangia. No seu interior, deprimente, escondiam-se monstros e demônios, (era o que os intrometidos diziam). A garotinha afirmava que as janelas cochichavam sobre o monstro atrás da porta, já as paredes... aquelas maldosas,  fingiam ignorar tudo aquilo que viam...

Adentrando a casa velha, no local mais imundo, iluminado apenas por uma janelinha tapada por jornal, estava sentada a tão coitadinha boneca de pano. Sentia o olhar daqueles que clamavam por ela: – Pobrezinha!  Diziam as esbeltas árvores olhando por de fora da janela... Uma mão sempre impedia a bonequinha de gritar para o anjo.

– Mas... Por que o anjo a ajudaria?  Murmurava o demônio. Ele sempre murmurava em meu ouvido, cochichando baixinho para que somente os demônios ouvissem, dizia que o anjo era traiçoeiro, que ele não acreditaria em palavras de uma pirralha bagunceira.

Porém, o criador disse para crer que o anjo não era nada daquilo que os demônios o faziam parecer. E eu?  Uma garotinha... pirralha e bagunceira. Oh! Pobre de mim! Tive fé.

E, ironicamente, a fé sempre me traía.

Manuela Grillo – 18 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 16/04/2023
Código do texto: T7765119
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