ANJOS TRAIDORES
Numa tarde fria e nebulosa, uma casa velha rangia. No seu interior, deprimente, escondiam-se monstros e demônios, (era o que os intrometidos diziam). A garotinha afirmava que as janelas cochichavam sobre o monstro atrás da porta, já as paredes... aquelas maldosas, fingiam ignorar tudo aquilo que viam...
Adentrando a casa velha, no local mais imundo, iluminado apenas por uma janelinha tapada por jornal, estava sentada a tão coitadinha boneca de pano. Sentia o olhar daqueles que clamavam por ela: – Pobrezinha! Diziam as esbeltas árvores olhando por de fora da janela... Uma mão sempre impedia a bonequinha de gritar para o anjo.
– Mas... Por que o anjo a ajudaria? Murmurava o demônio. Ele sempre murmurava em meu ouvido, cochichando baixinho para que somente os demônios ouvissem, dizia que o anjo era traiçoeiro, que ele não acreditaria em palavras de uma pirralha bagunceira.
Porém, o criador disse para crer que o anjo não era nada daquilo que os demônios o faziam parecer. E eu? Uma garotinha... pirralha e bagunceira. Oh! Pobre de mim! Tive fé.
E, ironicamente, a fé sempre me traía.