CONTO VERDADEIRO - PARTE 1A

DE FRENTE

 

Como sempre, em minha sala de aula, estou a esperar os meus alunos chegarem e dentro do horário marcado. E claro que, não gosto de atrasos, pois eu mesma a tantos anos vindo para dar aula, (a qual faço por amor á profissão) nunca gostei de atrasos.

Mas naquela manhã, foi diferente, porque eu já havia começado a aula quando de repente, ouço batidas na porta, e alguém entrando já foi se desculpando pelo atraso... Confesso não ter entendido direito as suas justificativas, apenas pedi que entrasse e se sentasse em um dos lugares vagos.

 

Ele o fez, e claro, continuei de onde eu estava pelo assunto iniciado do curso. Olhei para ele e algo me deixou desconcertada e não entendi nada, pois sempre tive e tenho vários alunos e não teria motivo de sentir algo estranho ali. O que fiz então, foi tentar evitar olhar para ele. Conforme a aula ia passando continuei assim. Porém quando eu ia para o quadro anotar alguma coisa, sentia que ele poderia estar me olhando e isso me deixava inquieta, mesmo sem entender nada,

 

Primeiro dia, segundo dia, ... e num desses dias ele não veio e senti logo a sua falta. Esperava como sempre pelos alunos da sala. Até que no dia seguinte ele veio e disse se desculpando que teve um compromisso que me parece ter sido ter ido ao dentista, Disse que tudo bem sem olhar muito para ele,

 

Durante a aula eu me desafiei a olhar para ele fazendo-lhe uma pergunta sobre a matéria, para ver como ele se sairia respondendo. Meio que pra dar uma idéia dos pensamentos dele. E claro, me surpreendi que ele falava bem e se saiu bem, Ponto pra ele, né? Depois disso, é claro que eu fazia de tudo para não olhar para ele e evitar qualquer troca de olhar.

 

Estava separada já por uns 8 anos e não tinha compromisso com ninguém. Qual seria o problema de olhar pra ele? Então eu fazia o que? Quando ele não estava me olhando, eu disfarçava e olhava pra ele porque meus olhos ficavam inquietos para serem dirigidos em direção á ele. Pensava, no que tinha ele para me chamar assim a atenção!

 

Pra não me sentir incomodada com sua presença, nos dias do curso, o chamei para fora, em particular, e perguntei porque ele estava no curso, o que o tinha levado ali... Enquanto ele respondia, senti nele o cheiro de álcool o que me deu muita bronca dele, Pensei: A essa hora já bebeu e sabendo que viria para uma aula?

 

Chato demais eu ter que ter de comprovar essa situação. Uma menina que atende na recepção falou pra mim, esse cara bebe e nem disfarça! Tremendo cara de pau, isso sim, eu respondi pra ela - por isso o chamei pra falar particular,

 

Enfim, resolvi aplicar provas pra ele e o liberar mais cedo da aula, para ir embora. (coisa que jamais fiz com aluno algum) mas ele me incomodava e me deixava inquieta, Queria vê-lo e ao mesmo tempo não - (afinal era viciado no álcool). Faltava uns 3 ou 4 dias pra ele terminar o curso, porém resolvi aplicar uma avaliação final, e que se ele tivesse um bom aproveitamento na avaliação, eu já o liberaria. Notei que ele usava uma aliança, então quando olhava pra mim, eu sentia desconforto, por ser um homem casado e estar tirando minha atenção do que fazia.

 

Ele concordou e levou a prova, me trazendo no dia seguinte a qual eu logo corrigi e vendo que fora bem na avaliação, disse que já o dispensaria. Tenho um costume - aluno meu que manda bem na prova, faço um coração na folha. Uma forma de incentivar a tirar boas notas, e isso os motivam sempre.

 

Mas pasmem, que na provinha dele, pelo resultado mais que satisfatório, eu coloquei 2 corações.... entenderam? Coloquei 2 e foi assim tão natural... mas deixei. E um contato do meu telefone que é comum também passar aos alunos para que se precisarem de algo, eu os ajudar no que puder, (dentro do curso)

 

Assim, ele se foi e me senti em paz. Ele não mais estaria em minha frente me fazendo sentir algo diferente que nem eu mesma sabia o significado disso.

 

Continua...

 

 

Laci Fogos Costenaro
Enviado por Laci Fogos Costenaro em 15/04/2023
Reeditado em 15/04/2023
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