Um passeio pelo passado parte final
A caixa de metal estava enferrujada, guardada em um fundo falso na parede do banheiro atrás do armário.
Sentei no velho e torto sofá. O cadeado estava enferrujado e não abria. Quanto tempo que eu não usava minha força sobre humana pra abrir algo? Era o preço por viver nesse mundo. Suprir algumas habilidades.
Deixei o cadeado, agora quebrado, cair no chão e abri a caixa. Documentos velhos, alguns dólares, uma faca, uma pistola Colt m1911 e um pente com balas. Chaves de um Cadilac 52 e um endereço em Nova Jersey.
Ao segurar a pistola minha memória foi invadida. Um beco de prédios altos, uma moça loira em prantos. Choro. Não de desespero e sim de ódio. Eu me jogo no chão e disparo primeiro. Maldito ela diz e morre. Um amigo hesitou e morreu. Eu não. Eu nunca hesitava. Há uma antiga licença de arma para Simon Aldine. Um nome que usei por muito tempo.
Saio do prédio e pego o táxi. New Jersey. O endereço é de uma antiga oficina. Um homem sorri quando me aproximo.
Olá amigo posso ajudar? Ele sorri limpando as mãos sujas com um pano.
Abro um sorriso e tiro as mãos do bolso do casaco.
Procuro pelo velho Pete. Ele ainda está aqui?
É o meu avô. Ele está nos fundos. Venha comigo.
É estranho. Eles deixariam um desconhecido entrar assim? Acompanho-o por uma porta os fundos da oficina e saio numa cozinha e de lá pro quintal. Um velho agasalhado com uma manta nas pernas está tomando banho de sol.
Meu avô me disse que um dia um homem o procuraria. Só havia uma pessoa que o chamava de velho Pete. Vovô ele está aqui.
Ele envelheceu bem. Eu o lembro de quando tinha seus dezoito anos. Eu o chamava de velho Pete por ser novo e trabalhar na oficina. “Vai ficar velho antes da hora se não viver sua juventude” Eu lhe disse uma vez.
Meu Deus! Aldine. De alguma forma eu sabia que você viria. Por Deus eu sabia que o tempo demoraria a passar pra você!
Não havia motivos para eu mentir para ele.
Wesley Rezende