BUSCA INCESSANTE

 

 

O jovem médico chegou para o seu primeiro dia de trabalho em um grande centro hospitalar situado no centro da capital, tinha vindo do interior onde residia, havia conseguido uma vaga por indicação em um local bem estruturado, o que para ele foi uma grande surpresa. Sua área era clínica geral e começou a atender pacientes de imediato para suprir a falta de médicos ora existente. Seu nome será mantido em sigilo por se tratar de um assunto muito grave e que poderá gerar polêmica e até investigação policial.

 

Foi bem aceito por todo o corpo médico e também pelos pacientes que o consideravam eficiente e simpático e em pouco tempo passou a ser responsável por determinada área do centro hospitalar. Fora do seu horário de trabalho ele também atendia em uma clínica particular para obter um ganho extra.

 

Durante uma inspeção em uma área do hospital, no plantão noturno, ele descobriu que existia um arquivo de pacientes já falecidos e que eram guardados para fins de esclarecimento de dúvidas com relação aos atendimentos e a prescrição de medicamentos, o que era comum naquele centro hospitalar. Sem nenhum interesse particular começou a verificar os dados ali existentes e os motivos dos óbitos. Curiosamente um dos pacientes falecidos tinha um sobrenome que lhe chamou a atenção, era muito conhecido por ele, anotou discretamente todos os dados necessários e do seu interesse e guardou-os com cuidado, dados esses que também serão mantidos em sigilo.

 

De posse do sobrenome e com o endereço do falecido paciente procurou os familiares sem no entanto entrar diretamente no assunto. Identificou-se como médico e disse apenas estar desenvolvendo uma atividade de rotina. Realmente ali residiu aquele paciente, ele só não esperava a surpresa da pessoa que o atendeu, que ficou visivelmente perturbada com a visita inesperada do médico. Porém o atendeu com delicadeza e prestou as informações solicitadas por ele que anotou com cuidado em um caderno, despedindo-se em seguida.

 

Aquele sobrenome lhe era familiar e isso ele descobriu depois de quem se tratava, foi um paciente seu que atendeu na clínica particular onde trabalhou no interior antes de ir para a capital. Na sua folga foi até o seu interior e checou os dados, era realmente o seu paciente. E o pior estava por vir, essa pessoa estava viva e gozando de boa saúde, o que o espantou. Procurou essa pessoa através da ajuda de alguns conhecidos e a encontrou, no entanto não tocou no assunto para não assustá-la e nem causar algum tipo de constrangimento e até problemas para ele.

 

De volta ao centro hospitalar onde fôra admitido teve uma surpresa, deixou de fazer parte do corpo médico dali e foi transferido para um hospital em outra cidade, hospital esse que tinha convênio com o centro. A princípio ele não entendeu, porém durante uma ida durante uma folga sua ao centro hospitalar foi impedido de entrar na área onde existia o arquivo de pacientes falecidos quando ele tentou ir, pois conhecia o pessoal que trabalhava ali. Ficou na dele e se fez de desentendido, estava claro que algo estranho estava acontecendo.

 

Rssolveu voltar ao endereço onde pegara as primeiras informações mas não foi bem atendido, ninguém quis lhe dar mais detalhes sobre o paciente que ele sabia estar vivo. Em seguida foi até o interior e descobriu que a pessoa dada como morta não mais se encontrava ali, a alegação era de que havia viajado e que não sabiam o destino. Um fato estranho que lhe deixou com uma pulga atrás da orelha. Foi então que resolveu fazer uma investigação por conta própria e saiu em busca daquele que foi seu paciente e que estava vivo, porém dado como morto segundo o arquivo do centro hospitalar onde trabalhou.

 

Esse médico teve outra surpresa quando chegou para trabalhar no hospital de outra cidade para onde foi transferido, fôra demitido sem nenhuma explicação, o que o deixou preocupado. Um pouco chateado passou a colher informações lá no interior onde o suposto morto morou e que agora estava desaparecido sem ninguém dar informações concretas sobre ele, nem mesmo os familiares.

 

O tempo passou, alguns meses se foram, o médico conseguiu um novo emprego e deixou transparecer que havia esquecido a questão do suposto morto, mas secretamente estava agindo e buscando informações sobre o mesmo, queria esclarecer a todo custo o que havia acontecido e o porquê. Pesquisou discretamente e até usou outras pessoas para despistar e enfim descobriu uma pista. Ele estava ali por perto, porém disfarçado para não ser reconhecido e trabalhando em uma empresa da "viúva" com a identidade do irmão falecido. Estava resolvido pelo menos essa questão do sumiço do "morto". Discretamente foi até a empresa para ver se o encontrava, esperou alguns minutos e enfim estava diante de um homem que oficialmente estava morto. Ele não estava com o uniforme de médico e portanto não foi reconhecido pelo suposto falecido. Foram para um local reservado e iniciaram o diálogo. O rapaz, pensando ser o médico um policial, ficou receoso e abriu o jogo, imaginava ter outros policiais lá fora a sua espera para prendê-lo. Confessou todo o fato ao médico que depois soube tratar-se desse profissional que o atendeu anos atrás.

 

Esse suposto morto tinha um irmão gêmeo que não tinha plano de saúde e certo dia foi acometido de um problema de saúde precisando ficar internado. Usou então o plano do irmão, só que a doença agravou-se e ele foi a óbito. Resultado, o irmão vivo deixou-se passar por morto e como ele tinha um seguro muito bom usaram dessa artimanha para receber o alto valor, ficando a "viúva" recebendo a pensão. O "morto" muito vivo pediu ao médico que abafasse esse caso para não complicar a situação, pois o diretor do hospital havia descoberto a fraude e levou uma propina para deixar como estava. E assim termina esse caso estranho.

 

 

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 03/04/2023
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